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Intervenções no I CONCAB

category argentina / uruguai / paraguai | movimento anarquista | opinião / análise author Saturday June 16, 2012 02:28author by Federação Anarquista Uruguaia (FAU) Report this post to the editors

Duas intervenções da delegação da FAU no I CONCAB
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Primeira Intervenção

Companheiros e companheiras do FAO, companheiros e companheiras da CAB, companheiros e companheiras que participam deste congresso.

Companheiros que vêm construindo o FAO, que se torna CAB, e que é um fato histórico para o anarquismo organizado no Brasil. Uma construção que tem a força nos braços e ombros de muitos companheiros que estão aqui, e muitos outros que não estão presentes mas que têm dado o melhor de sua militância para produzir neste tempo este congresso.

Porque as produções não se decretam, não são um fato isolado na história. São construções em seus tempos, são a continuidade e descontinuidade de uma acumulação histórica de práticas, experiências, simbolismos, significados, que dão forma aos sujeitos. Somos parte dessas histórias. Serão as histórias do futuro condicionadas por nossas práticas, por nossos fatos, por nosso compromisso com as ferramentas que desenvolvemos.

O FAO é uma ferramenta que há mais de dez anos vêm construindo o anarquismo especifista no Brasil. Modesto, humilde, claro com seus objetivos, tem sido uma proposta para organizar os anarquistas de um país muito grande, extenso, com uma grande diversidade de todo tipo, mas com elementos comuns, sonhos, anseios, e uma mesma submissão a um sistema de opressão, de exploração, dominação.

O FAO foi uma ferramenta que teve sempre nossa participação, nosso apoio, foi sempre um projeto que compartilhamos, que nos sentimos parte desde o princípio, com os companheiros da FAG e, depois, com os que se somaram, do Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas, Mato Grosso, Santa Catarina, Ceará, Paraná, Pernambuco, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Bahia. Todos companheiros que vão fortalecer uma proposta Especifista, Federalista, e pela construção do Poder Popular. Não é pequeno, não é pouco, é grande este esforço, mas maiores são os desafios que nossa ideologia demanda. São desafios de justiça, liberdade, de um mundo para todos os homens e todas as mulheres. Um mundo novo.

O FAO muda para CAB, o FAO acumulou muitas práticas e experiências, muitas lutas, desenvolveu uma proposta, um estilo de militância que é um braço, um punho unido na América Latina. O FAO cresceu em um programa, em uma estratégia comum. O FAO foi um passo grande, e a CAB, a Coordenação Anarquista Brasileira é tanto outro passo, quanto outro desafio de luta e organicidade.

Acumular no crescimento de organizações anarquistas, em um sentido de ruptura, de intenção revolucionária, criando uma resistência que produza em seu seio noções de libertação, que possa criar novos sujeitos com suas práticas para o novo, para uma nova humanidade. Que possa ser forte, uma resistência forte, com poder, com muito Poder Popular.

Essa acumulação vai ter agora na CAB uma nova ferramenta, que é muito mais do que uma troca de nome. É todo um significado acerca da unidade de nosso Anarquismo, de uma forma de lutar, de uma forma de organização, e de um compromisso com ela.
Nós, a Federação Anarquista Uruguaia, somos parte disso, sempre nos sentimos parte deste punho, desta proposta, esta é também nossa moradia, nossa casa. Aqui temos companheiros com quem dividimos várias Jornadas Anarquistas, com quem somos parte de um projeto em crescimento como é o ELAOPA. Não podemos separar, quando nos olhamos, todos vocês, não podemos esquecer todas aquelas reuniões onde discutimos, planejamos, coordenamos, o que víamos pela frente, que respostas e que propostas necessita esta sociedade a partir do anarquismo. Toda essa dedicação de muitos, muitos militantes, todo esse acúmulo tem um compromisso com o futuro, desse presente, hoje, para sonhar um amanhã, desse presente com a nova CAB.

A CAB, que é uma modesta proposta como o FAO, tem objetivos importantes, grandes, que são os históricos anseios da ideologia anarquista. No rio da Prata nos move a mesma paixão, o mesmo amor pelo novo, por um mundo sem injustiças, que tenha o melhor de nós para praticar o novo. São grandes desafios, caros, que contêm histórias com muito sacrifício para alcançá-los. Porque nada foi dado para nós, nada nos foi gratuito, nada veio de cima, tudo, tudo o temos arrancado desde baixo, desde “os debaixo”.

Um abaixo que é o conjunto das classes oprimidas, que conta com a resistência em nossos bairros, no campo, conta com os operários das fábricas, das escolas, da saúde, com as lutas dos escravos, dos povos originários, também dos estudantes, e tudo o que ele enuncia: o conjunto das classes oprimidas.

A mesma classe, o mesmo abaixo, o mesmo povo que conta com a rebeldia de tantos companheiros que deram tudo para contribuir na construção de noções de rebeldia e revolução neste pedaço de terra que se chama América Latina. Somos e seremos Sepé Tiaraju, Neno Vasco, Zumbi, entre tantos, uma quantidade impossível de nomear, de lutadores daqui.

A CAB deverá ser uma opção clara e concisa de resistência, de produção de um conjunto de noções que conduzam a um caminho novo. Terá como inimigo a mídia burguesa, os capitalistas industriais, os políticos de turno. Toda essa imundície podre do capitalismo, toda essa arquitetura do poder que necessita de noções antagônicas que provenham dos oprimidos, que não se desenvolverá externamente aos pobres deste Brasil, de nossa América, e de todo o mundo. A CAB deverá ser uma mão estendida ao companheiro e um punho fechado ao inimigo. Dar fermento às lutas populares, aos movimentos, às tendências que vamos continuar contribuindo.

Nós estamos, e vamos estar, somos parte desta história que continua com os dentes fechados bem forte, com a dor dos nossos irmãos que já não estão entre nós. Temos dores mas também muitas liberdades, temos um caminho construído por todo um legado de companheiros que deram o melhor deles para nos dar todo um acervo ideológico com suas histórias.

O sistema, esta porcaria de capitalismo, inventou os campos de concentração mais espantosos para submeter e submeter-nos, inventou Clevelândia, tem exércitos e polícias preparados para reprimir, matar, torturar, desenvolveu todo um esquema de ódio, de desesperança, toda essa história dos de cima, dos poderosos, que se escreveu com sangue dos de baixo, de todos aqueles que hoje empunhamos e levantamos a bandeira que sempre esteve presente nas histórias dos povos: a resistência. Todo nosso acúmulo no anarquismo que também teve propostas de mudança para algo novo, teve revoluções, rebeliões, tudo isso pelo qual nosso coração pulsa, e todo nosso corpo imagina, cria, produz e reproduz.

Toda uma criação e produção da resistência e luta que recebemos de nossos irmãos que agora também estão presentes. Leon Duarte, Gerardo Gatti, a professora Elena Quinteros, Adalberto Soba, o basco Larrasq, Santa Romero, Gustavo Inzaurralde, Ary Cabrera, Alberto Cecilio Mechoso “EL POCHO”, que recentemente teve identificados seus restos mortais, que apareceram em um rio da província de Buenos Aires. Foi ele militante da FAU e do Ateneu do Cerro e da federação da carne. Foi um anarquista de ação, expropriador, um homem que deu tudo de suas paixões para deixar um caminho repleto de vida.

Pocho foi preso em Buenos Aires, Argentina, em 1976, pelos militares, e integra a longa lista de companheiros torturados, desaparecidos, fuzilados pelas mãos do Plano Condor. Todo aquele desenvolvimento de ódio que a partir dos Estados Unidos foi enviado para a América, para submeter e calar todas as propostas e rebeliões dos de baixo. Cobrir de concreto, matar todo sinal de vida, aquele jardim de resistências, de sonhos por um mundo sem explorados nem oprimidos, sem ninguém morando na rua, toda aquela imaginação chamada utopia: todo nosso imaginário de resistência atual, porque não puderam, não tiveram êxito, não puderam matar e assassinar nossas utopias, não puderam submeter para sempre nossos anseios de liberdade, e não vão poder porque seguimos andando os caminhos que Pocho e tantos outros nos ensinaram a caminhar.
Pocho! Este jardim continua florescendo. Para a resistência, todos os tempos são primaveras, para a luta sempre há lugar, e seguem e seguirão vindo companheiros para nossa rua.

Aqui está parte do caminho a percorrer, aqui estamos organizando a CAB, irrigando uma semente que se chama Anarquismo Especifista.
Aqui estão todos vocês, todas as suas organizações, e todos os nossos companheiros de todos os tempos da FAU.
Vamos construir um mundo novo, porque o levamos em nossos corações.
Vamos combater com nossas armas carregadas de amor, de liberdade, de fraternidade e solidariedade entre os de baixo.
Vamos construir o Poder Popular.
Pelo socialismo libertário.
Contra toda essa imundície que se chama capitalismo.
Hasta la utopia siempre!!!
Libertad o Morte!!!
Arriba los que luchan!!!


Segunda Intervenção

Saudação à fundação da Coordenação Anarquista Brasileira (FAU)

Companheiras e companheiros da Coordenação Anarquista Brasileira, companheiros e companheiras aqui presentes.

Dividimos os dois dias do primeiro congresso da CAB, a instância de fundação de uma nova perspectiva para o Anarquismo Especifista no Brasil. Um congresso que não significa os primeiros passos nem as raízes de um processo, mas uma maneira de caminhar nesta história, de ser a continuidade. Tomar e dar um novo potencial para o desenvolvimento de nossas ferramentas e propostas práticas.

Dois dias que têm definições programáticas, um horizonte de luta, com atividades nos grupos de trabalho como espaços deliberativos para que a força do intercâmbio tenha espaço e tempo para desenvolver-se, tomar forma, compartilhar as experiências e ações de um lugar ao outro, de uma organização à outra.

Deve ser destacada a discussão das definições a respeito de um programa mínimo. Essas reivindicações, chamados daquilo que é facilmente palpável e constatável, esse conjunto de demandas que nos unem a vários setores da Luta. Tomá-lo como um rumo, uma orientação do que queremos produzir como sociedade. Alcances, objetivos, conquistas para dar firmeza ao nosso caminhar.

Como é também um novo passo, um novo desafio, um novo caminhar, novos olhares para um panorama mais amplo, com mais companheiros e mais propostas, frentes de luta, planos de inserção, em uma mesma estratégia e uma mesma maneira de definir e coordenar temas da estratégia, tática e programa. Um belo passo de uma criatura que há mais de 15 anos começou tomando parte de um conjunto de idéias e perspectivas para o anarquismo no Brasil.

Desde aquelas primeiras discussões com companheiros da FAG. Com companheiros da FAU vindo aqui no Rio para compartilhar as lutas e as vidas de vários militantes. Certamente aqui nesta sala mais de um de nós recorda disto.

Também os compas que foram fazer formação na FAU e depois levar esta formação para as cidades e regiões onde viviam. Transcrever aquelas propostas e interpretações, aquele conteúdo de teoria e análise da América e do mundo, tudo isso, que naquele momento era mal visto e condenado, difamado. Porque recordamos que esta proposta foi atacada com pouco fundamento, vinda de construções teóricas deslocadas que nada têm a ver com a luta e a vida nela.

Silenciosos na humildade e modéstia continuamos o caminho com vários passos, definindo o caminho com a perspectiva de ser corrigido cotidianamente, porque neste caminhar, a cabeça aberta em meio de mudanças de rumo é mais do que necessária. Crítica e autocrítica, para que cada passo seja firme.

Queremos destacar desse passo, hoje, agora, dois pontos importantes.

Um deles é a fundação do FAO, que foi uma proposta para seu momento e seu lugar, que ainda tem vigência e deve ser uma ferramenta de potencial para novos movimentos que possam surgir em nossa América, e, por que não?, em outra parte do mundo.

O segundo é aquilo que foi a produção teórica, um aporte entre a FAG e a FAU. Seu título é o nome de dois companheiros: Wellington Gallarza e Malvina Tavarez. Um novo aporte que acumula para construir uma caixa de ferramentas para poder analisar melhor o presente, os tempos que se estão desenvolvendo, as relações sociais, em quais delas nossa proposta pode adquirir mais fermento e também contribuir com um conjunto de elementos de categorias de análise para a estrutura social, a produção de um sujeito e nossa participação nisso. Porque nunca renunciamos a ser parte viva, muito viva, das transformações da vida social, de nossos bairros, sindicatos, escolas, fábricas, hospitais, centros de cultura, no campo e na cidade, onde nossa proposta tenha terra fértil para crescer, produzir raízes fortes e firmes.

Produção teórica para pensar com cabeça própria, aberta, crítica e autocrítica.

Este passo significa uma mudança a partir de vários pontos de vista. É uma mudança de configuração orgânica, tanto para as organizações que começam a integrar-se quanto para aquelas que vêm incorporadas ao FAO. Teremos que combinar isso para olhar conjuntamente os novos desafios, as novas oportunidades que se vão abrindo em função do programa e da militância cotidiana. O que muda são dinâmicas, ritmos, responsabilidades, a vida do conjunto, e também a singularidade de cada um de nós.

Um desafio que será produto da vida interna é a formação deste corpo, do espírito deste corpo. Ser um enquanto projeto integrado, organizado, contundente, com uma visão própria, palavra, comunicação, práticas. Mas um corpo também que se fortaleça na unidade, as práticas de solidariedade pela produção e conformação de noções, nossa ideologia, o Anarquismo.

Com confiança, com responsabilidade. Com esses dois elementos condicionantes do programa para a luta libertária, e toda a organicidade interna. Os organismos da CAB deverão ser também práticas de liberdade como contraparte da responsabilidade e confiança. Com a construção que o FAO conheceu e soube desenvolver.

E este passo tem também no plano internacional ou regional seus aliados, e vários deles estão aqui presentes, hoje. Ali estão os companheiros da FACA, e também da Zabalaza, que vieram de muito longe para de forma presencial dizerem neste ato que somam nosso compromisso também, junto aos seus próprios, porque somos da mesma história, das histórias dos oprimidos do mundo, dos pobres que não conhecem outro resultado além daquele que vem de suas mãos, de seus ombros, de sua própria força.

Viemos construindo e desenvolvendo com eles e com vocês também algumas ferramentas. Que necessitam continuar sendo fortalecidas. Participamos dos ELAOPAs, uma proposta convertida em instrumento para muitas organizações da América, que está em construção constante, e é necessária para esta construção a contribuição de todos os espaços que venham a apoiar seu crescimento.

Deve ser levada a mais países, tem que ter um planejamento de suas propostas e perspectivas a partir das organizações populares, tem que fortalecer suas coordenações, o olhar de longo e médio prazo, mas tem que ser fortalecida em sua ancoragem, no conjunto de práticas que fazem a nossa opção pela militância cotidiana.

Como fortalecer o ELAOPA? A partir de onde?

Nossa proposta é que seja ali, de baixo, com democracia direta, com horizontalidade, e com muita militância, a de todos os dias. A que pinta muros, a que distribui os panfletos, a que está nas assembléias dos bairros e dos sindicatos. Esta militância nossa, este estilo, que tem nossa força, a boa fé, a contundência ideológica do trabalho de formiga de todos os dias. Este trabalho que não está nos jornais da burguesia, na grande mídia, mas que é indispensável para alcançar o novo. Para produzir o novo. É disso que falamos, do que se constrói com nossas práticas cotidianas: o sujeito da transformação.

Nós somos sujeitos de mudança e temos que ser constantemente formados também, no meio popular, porque dali viemos, dali somos, dos bairros, da favela, da vila, em nossos espaços culturais, também nas universidades que se pintaram algum dia de negro, operário, escravo e camponês como dizia o Che!

Quando vemos todo nosso povo em suas instâncias de construção vemos isto. Vemos a produção de noções para a luta ideológica. Nada pode renunciar a ela, agora é momento de decisões para fortalecer um caminho, todo um andar, distância, velocidade, paisagem, todo um caminho a percorrer, a produzir.

Temos que dar potência ao ELAOPA com mais organizações e mais militância. E temos que formar e desenvolver os encontros regionais, para que o cotidiano seja mais compartilhado com aqueles mais próximos. Ali estão também as práticas que darão força ao programa definido, à estratégia, à tática, porque é conjuntamente que temos que fazer nossa proposta, e não isolados e desorganizados, temos que nos agregar a uma proposta, que vai de baixo para cima, para crescer, fortalecer.

Também teremos que começar a observar quais ferramentas utilizamos para o que é especificamente anarquista e necessita de uma atenção à parte na perspectiva latino-americana. Porque nossa visão do anarquismo especifista deve ser no mínimo continental, e a criação da CAB é um sinal de que se podem construir espaços de grande escala e cobertura geográfica. Vamos pensar nisso.

Temos antecedentes de várias Jornadas e coordenações pontuais. Temos avanços claros em torno da proposta de organização especifista para nosso continente em nosso tempo. Temos consensos criados sobre o federalismo para nos organizar a partir da maior quantidade de pontos da vida cotidiana. E temos um elemento de estratégia em comum, que também, junto com definições como especifismo e federalismo, é condicionante de métodos e práticas. Esse elemento é a construção do Poder Popular. Um elemento da estratégia que segue a direção de baixo para cima, que temos que dar mais potência, força, muita força. Necessitamos mais, necessitamos que o poder do povo comece a ser sentido, a ser notado para ter uma maior acumulação e alimente e faça mais forte nossa ideologia e visão de grande fôlego. Começar a realizar em termos de projeto alguns aspectos que têm a ver com essa nova sociedade, que parece distante, mas mais distante será se não somarmos mais forças populares ao nosso projeto.

Estamos convencidos disto, se assim não fosse, toda uma acumulação de mais de uma década não seria feita, não teria esta história, toda a quantidade de delegados que teve este Congresso. O primeiro congresso da CAB.

Então, quais são as novas perguntas produzidas para continuar, para seguir produzindo respostas? Para seguir buscando crescer em análises, em conhecimento, para poder olhar melhor o que acontece. As perguntas, as interrogações, serão uma busca que tem que encontrar a certeza, para ser firmes e poder seguir dando estes passos de que estamos falando.

Como produção e formulação coletiva, trabalho, perspectivas conjuntas, unidade, confiança, fraternidade. Vamos produzir novas perguntas? Queremos dar novas respostas? Aqui estamos nós nisto. Também a FACA e a Zabalaza, e estará na primeira fileira a Coordenação Anarquista Brasileira. Nos permitam dizer: Nossa Coordenação Anarquista Brasileira.

Porque este sistema de imundície necessita ser derrubado, com nossa força e desde baixo. Porque nossa memória não esquece e tem dentro de si os melhores anseios de um mundo de justiça, com comida para todos, educação e aquilo que faz distinta a nossa ideologia: A Liberdade, a amada e ansiada liberdade, uma chama em nossos corações, consciências e inconscientes. Em toda a fibra que atravessa nossos corpos, que dá vigor à nossa paixão, que carrega nossas ferramentas para lutar pensando que se pode, que é possível, e que sem nossa contribuição estamos enfraquecendo o caminho para o mundo que queremos chegar.

O dizem os habitantes de Pinheirinho, e também aqueles do Carandirú, de Clevelândia, do Eldorado dos Carajás, as crianças da Chacina da Candelária. O dizem Darío Santillán e Maximiliano Kosteki, assassinados pelas mãos da polícia e governo argentino. O dizemos também com todos os de baixo, porque somos de baixo, somos de uma história que se escreve com os punhos e dentes cerrados, cerrados bem forte (como disse uma poeta argentina). Somos parte das histórias de torturas da América e não podemos responder sem nossa carga ideológica, sem nosso repúdio a este sistema de fome, de opressão, de desprezo para toda a humanidade.

Porque só duas centenas de multimilionários acumulam a mesma riqueza que a metade da humanidade. As 225 pessoas mais ricas do mundo açambarcaram a mesma riqueza que a metade da humanidade. Nada novo. Os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

Só a fome mata a trinta milhões de pessoas por ano, catorze milhões delas meninos e meninas. A cada segundo morre uma pessoa de fome. Setenta mil pessoas por dia são os mortos cotidianos do funcionamento da economia mundial. Mais de 18 milhões de pessoas morrem anualmente por enfermidades transmissíveis curáveis. 70% da pobreza é sofrida por mulheres, e ainda que correspondam a dois terços do trabalho no mundo, recebem apenas 10% dos salários. Um bilhão de pessoas vive sem água potável, 800 milhões de pessoas sofrem desnutrição crônica, 200 milhões de crianças, menores de cinco anos, estão desnutridos. Onze milhões de crianças morrem por ano de desnutrição.

E por outro lado se estima que as 225 pessoas mais ricas do mundo têm uma riqueza combinada superior a um trilhão de dólares, igual à renda anual dos 47% mais pobres da população mundial (2,5 bilhões de pessoas). Só com 4% da riqueza combinada das 225 pessoas mais ricas do mundo se poderia ter acesso universal à educação pública, atendimento básico de saúde, atendimento à saúde reprodutiva para todas as mulheres, alimentação suficiente para todos e água limpa e saneamento para todos. As três pessoas mais ricas têm ativos que superam o Produto Interno Bruto dos 48 países mais pobres. As quinze pessoas mais ricas têm ativos que superam ao PIB total da África subsaariana. A riqueza das trinta e duas pessoas mais ricas superam o PIB da China, o país mais populoso do mundo.

Esses são nossos inimigos de classe. Eles e todo seu aparato e sistema de ódio necessitam sofrer um golpe com toda nossa força. Todo seu aparato ideológico, com exércitos e polícia para matar a quem seja, com uma justiça que enche as prisões com todos os jovens de nossos bairros, afrodescendentes, assassinados nas prisões. Os de cima sujeitam toda uma arquitetura de poder de ódio, de dominação, exploração e opressão.

Contra todos eles vamos criar poder do Povo, com a CAB, com a memória firme. Com a lembrança de nossos companheiros na luta por um mundo de Liberdade: Gerardo Gatti, Leon Duarte, Elena Quinteros, o Basco Larrasq, Santa Romero, Gustavo Inzaurralde, Adalberto Soba e Alberto “Pocho” Mechoso.

Com eles estamos no caminho, com todos vocês também. Com essa memória damos os passos para que o anarquismo seja forte, firme, contundente.

Porque vamos construir um mundo novo porque o levamos em nossos corações.

Porque é urgente crescer, agora, sempre e sempre como agora!!!

Hasta la utopia siempre.

Arriba los que luchan!!!!

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