preferenze utente

cerca nell'archivio del sito Cerca cerca nell'archivio del sito


Search comments

ricerca avanzata

Nuovi eventi

Brazil/Guyana/Suriname/FGuiana

nessun evento segnalato nell'ultima settimana

Lulismo, trabalhismo e a possibilidade de reeleição

category brazil/guyana/suriname/fguiana | a esquerda | opinião / análise author Wednesday August 13, 2014 21:36author by BrunoL - 1 of Anarkismo Editorial Groupauthor email blimarocha at gmail dot com Segnalare questo messaggio alla redazione

Bruno Lima Rocha, 12 de agosto de 2014

Estamos em pleno ano eleitoral, e no momento em que escrevo estas linhas, tardam menos de dois meses para o pleito. Existe a real possibilidade de reeleição da presidenta Dilma Rousseff (PT) e com isso seria concretizado um feito inédito de dupla reeleição. Dois debates entendem-se como necessários para traçar tanto uma análise do cenário eleitoral como de uma conseqüente crítica por esquerda. O primeiro aborda o cenário eleitoral e as candidaturas oficiais por direita, além do próprio risco de não conseguir emplacar um segundo mandato. O seguinte trata da comparação do espaço político, ocupado pelo lulismo, como uma “continuidade descontínua” do trabalhismo contemporâneo.
O lulismo se aproxima do varguismo como versão contemporânea da relação direta entre líder político e milhões de assistidos
O lulismo se aproxima do varguismo como versão contemporânea da relação direta entre líder político e milhões de assistidos

O cenário eleitoral de 2014

A corrida às urnas de 2014 tem o seguinte perfil. A situação – favorita – é marcada pela aliança do PT com o PMDB, ainda que os correligionários do vice-presidente Michel Temer sejam, na prática, uma coligação de oligarquias estaduais, cuja cúpula controla a convenção e o muito disputado tempo de TV. A aliança com o Partido Progressista (em escala nacional, trata-se da Arena que não pulou da nau naufragada chamada de PDS), segue o mesmo padrão – controle de cúpula e interesses estaduais difusos – tal e como a composição da pouco leal “base aliada”.

A hegemonia da ala de centro-esquerda do governo afugentou um aliado histórico, o PSB dos herdeiros pouco orgânicos de Miguel Arraes, atiçando em Eduardo Campos e sua vice de circunstância, Marina Silva (cacique de uma legenda não legalizada), a vontade de tentar marcar uma espécie de “terceira via” nacional. O discurso de Marina (cacifado pelo desempenho em 2010), como ex-ministra do Meio Ambiente de Lula, e sobrevivente do Acre dos conflitos de seringueiros, não colou no ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Para sorte dos seguidores de Luiz Inácio, as possibilidades de Campos e Marina irem ao segundo turno são pequenas. Caso isso ocorresse, esta chapa de meia-oposição receberia apoios massivos dos grupos de direita (mais à direita), podendo atingir um empate técnico.

Por direita (totalmente alinhada com o ocidente), a oposição ao lulismo vê na chapa puro-sangue tucana, com Aécio Neves e o senador paulista Aloysio Nunes, a esperança de que ao menos, a legenda de Fernando Henrique Cardoso e José Serra tenha chegado unificada ao pleito. Os dois maiores colégios eleitorais do país (Minas e São Paulo) são o alvo prioritário do PSDB que vem fazendo governos estaduais nas Gerais e governa São Paulo de forma ininterrupta desde 1994. Acompanhando o tucanato, além do capital financeiro e os maiores grupos de mídia (com o Estadão à frente, seguido de Folha e Globo), está a parcela sobrevivente da UDN, revivida nos Democratas (DEM, “ah quanta ironia nas siglas partidárias”), tão democráticos como os correligionários de Carlos Lacerda e do brigadeiro Eduardo Gomes.

Aécio repete basicamente as mesmas teses dos anos ’90, agora com dois agravantes. Um é positivo para os neoliberais, pois após mais de uma década no Poder Executivo, o PT transformou-se em uma caricatura (grotesca) de si mesmo, estando cada vez mais parecido com os oligarcas aos quais se associa, embora levante a bandeira de algum grau de soberania combinada com políticas sociais tímidas. O agravo para os tucanos é na comparação de governo. Não há como comparar, dentro do marco de governos capitalistas sem nenhuma predisposição para romper total ou parcialmente com a ordem estabelecida, os feitos de FHC com Lula e seus herdeiros. Apenas fazendo o óbvio, o lulismo deu respostas comparáveis a Vargas em seus momentos auge.

A desorganização do tecido social e a fragmentação da esquerda eleitoral

Diante de tamanha vantagem, como ainda cogitar um segundo turno apertado e com alguma chance de vitória neoliberal sobre a aliança centro-esquerda com as oligarquias? Uma pista está no controle do aparelho midiático; outra se localiza na desorganização quase que completa do tecido social oriundo do reformismo radical dos anos ’80. A desorganização é tamanha que não se conseguiu retomar uma central sindical aglutinando a esquerda restante no país. O mesmo se dá na esfera eleitoral. Três candidaturas apostam na construção partidária (PSOL, PSTU e PCB) e não na montagem de uma Frente de Esquerda (ainda que no cenário eleitoral). Seria interessante para a política brasileira uma grande coligação - por esquerda – nas urnas, pois isso facilitaria duas separações necessárias para a acumulação que veio após os protestos de 2013 e a atual repressão política de 2014.

Primeiro separaria as esquerdas eleitorais das não-eleitorais. A opção de tomar parte do jogo da democracia representativa sempre foi um divisor de águas no pensamento socialista e agora segue sendo. A segunda divisão seria dentro do grande campo de esquerdas não-eleitorais. Nesta haveria a divisão das de matriz libertária daquelas que são estatistas ou de perfil hierárquico. Neste campo, o Brasil hoje oferece a possibilidade organizativa do especifismo anarquista (através da Coordenação Anarquista Brasileira) e do maoísmo, através de movimentos como o MEPR. Facilitaria a opção política dos brasileiros, a subdivisão política aqui apregoada. Mas, o fato é que a “fragmentação maldita”, fenômeno social dos anos ’90, hoje se nota na esfera política específica.

Apontando conclusões: lulismo e varguismo

Tanto a desorganização dos rachas do PT e seus aliados, antes e depois de Luiz Inácio assumir em 1º de janeiro de 2003, como a fragmentação sindical – esta sim, obra nefasta do ex-líder metalúrgico que segundo o próprio “nunca foi de esquerda” podem ser lidas como vitórias políticas do Lulismo. Na campanha de 2002, a não presença da pauta da ALCA na campanha veio junto da Carta ao Povo Brasileiro e a aliança com o empresário mineiro José Alencar para vice-presidente. A escolha do pragmatismo político somada ao modus vivendi do andar de cima, mimetizaram-se de tal modo no PT que este sequer tinha uma ala à esquerda consolidada na segunda metade do primeiro mandato. Dez anos depois, temos no Brasil duas novas realidades.

Massifica-se em 2013 uma nova forma de protesto, bastante semelhante ao que vem ocorrendo em outras partes do mundo. Esta acumulação, ainda que parcial, pode ser disputada entre a fragmentada esquerda eleitoral e as forças que não participam do pleito, conforme já citado acima. O mesmo padrão de lealdade e acumulação difusa verifica-se na massa de milhões de brasileiros (em torno de 44 milhões), atendidos pelas políticas sociais, como habitação, renda mínima, estudo superior e emprego direto. Como a inclusão e o reconhecimento dos direitos não tiveram um receptor para além do próprio líder carismático, o Lulismo transforma-se no túmulo do PT histórico. Foi o inverso do PTB sem Vargas. Ao longo dos dez anos antes do Golpe de ’64, o trabalhismo transforma-se no pacto capital-trabalho com ênfase eleitoral e chance de vitória. O partido (o antigo PTB, de Brizola, Jango e Pasqualini) cresceu ao pé da tumba do ditador que o fundara. Com Luiz Inácio, a legenda outrora reformista dilui-se nas alianças de ocasião e no pacto oligárquico. Existe uma reserva eleitoral típica da América Latina, e frágil como seria de se esperar sem organização de base à altura dos milhões de incluídos no mundo consumo e do emprego. É esta a massa que pode garantir a reeleição, mas que patina na identificação das realizações do partido de governo.

This page can be viewed in
English Italiano Deutsch
© 2001-2024 Anarkismo.net. Salvo indicazioni diversi da parte dell'autore di un articolo, tutto il contenuto del sito può essere liberamente utilizzato per fini non commerciali sulla rete ed altrove. Le opinioni espresse negli articoli sono quelle dei contributori degli articoli e non sono necessariamente condivise da Anarkismo.net. [ Disclaimer | Privacy ]