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As capas da revista The Economist e os sistemas de pressão internacional: os piratas ingleses atacam permanentemente

category brazil/guyana/suriname/fguiana | economia | opinião / análise author Friday January 15, 2016 09:01author by BrunoL - 1 of Anarkismo Editorial Groupauthor email blimarocha at gmail dot com Report this post to the editors

14 de janeiro de 2016, Bruno Lima Rocha

Introdução

A publicação inglesa The Economist traz em suas capas um modelo de operação de pressões internacionais e ajudam a derrubar políticas econômicas. Suas capas operam como chantagem orquestrada pelo elo forte do capital financeiro transnacional operando a partir do eixo NYC-Londres. Entendo que – de fato e de uma vez por todas – essa bandidagem de Armani e Dior tem de ser desmascarada e perder seu poder de influência em nossos países (da América Latina). O problema é de fundo e já vem sendo por demais debatido nas várias gerações das ciências humanas e sociais do Brasil e dos países hermanos.
Os fatores de “queda” do segundo mandato Dilma para a revista são justamente o que é relativamente destacável.
Os fatores de “queda” do segundo mandato Dilma para a revista são justamente o que é relativamente destacável.

Dói constatar que Fernando Henrique Cardoso tinha razão, só que em 1967. FHC ao menos nisso estava certo: a dependência é estrutural e, por consequência, estruturante. Assim, se tivermos de classificar o andar de cima, não é nenhum exagero denomina-lo como é vira-lata, vende pátria e intrinsecamente entreguista. Ouso afirmar que se os países anglo-saxões nos atacam, os inimigos de classe e aderentes às teses do Império como se todas e todos tivessem green card dos Estados Unidos, se sentiriam culpados e imaginando: “Algo fizemos para sermos atacados!”.

O problema da descolonização de nossas mentalidades políticas e a postura anti-colonialista necessária para gerar o impacto e a autenticidade da luta popular no Brasil, se vê contra a parede. A “solução” ofertada para a massa é o pós-stalinismo, pós-trabalhismo ou a versão contemporânea do varguismo, o lulismo. Este fenômeno ainda petista prefere – e vem apontando – pela via do “pragmatismo” outra saída: aliar-se aos oligarcas e oligopólios nacionais cartelizados e entrar de sócio menor da China em escala mundial. Dentro desse maldito colonialismo, observemos o vira-latismo e seus paradoxos.

The Economist e o viralatismo estrutural da direita brasileira

A publicação inglesa The Economist, em sua primeira edição do ano (de 2 a 8 de janeiro de 2016) trouxe a presidente Dilma Rousseff na capa sob o título Brazil’s Fall: Dilma Rousseff and the disastrous year ahead (A queda do Brasil: Dilma e o ano desastroso pela frente). Imediatamente após esta divulgação, houve enorme repercussão nas redes sociais através da difusão das mídias corporativas e prontamente a profecia macabra ecoou no Brasil com ares de verdade anunciada.

Sou obrigado a reconhecer os impactos deste tipo de achaque em escala mundial, e obviamente, em nosso país. Continuo afirmando que este governo é indefensável, mas que isso não pode implicar em fazer coro com a direita que não é governo. Os fatores de “queda” do segundo mandato Dilma para a revista são justamente o que é relativamente destacável.

O receituário da revista vai ao encontro do programa do governo Michel Temer (o vice que não consumou o golpe palaciano) denominado “Uma ponte para o futuro”. Logo, não tem como reproduzir tais absurdos como a desvinculação total das receitas segundo o preceito constitucional e menos ainda defender a desregulamentação da força de trabalho. É este tipo de panaceia a moda vale tudo dos anos 90, como quando elogiam o período FHC e mesmo Fujimori, que pode fazer de nosso país o inferno tropical na terra.

A maldita publicação dos especuladores em língua inglesa – e vergonhosamente reproduzida pela Carta Capital no Brasil – elogiam a guinada à direita da América Latina quando o que até agora ocorreu foi a vitória do menemismo na Argentina e o triunfo nas eleições parlamentares dos escuálidos na Venezuela. Vale observar que o triunfo venezuelano tão proclamado não passou de 300 mil votos sendo o chavismo derrotado por seus seguidores desiludidos e não pela direita pró yankee.

Se observarmos os efeitos diretos no imaginário político conservador, basta notar o viralatismo visceral nos mais de 8000 comentários no perfil de O Globo quando a direita que perdeu na urna (a brasileira) comemora a capa contrária como uma vitória pontual. É fato. A pressão desta revista que opera como porta voz dos especuladores em escala mundo é muito grande, andando de patas dadas com o ataque da alta do dólar e a picaretagem das notas emitidas pelas agências de risco.

Os chantagistas e especuladores continuam atacando o Brasil

Eu já repeti isso à exaustão e me vejo obrigado a retomar o argumento. Há um sistema de retroalimentação entre a mídia especializada, as agências de “rating”, os operadores de mercado e as instituições financeiras com envergadura mundial. A agência de “análise” de risco Fitch Ratings rebaixa ainda no final de 2015 mais uma vez a nota do Brasil, passando para BB+, classificando nosso país como grau especulativo, junk bond (ação lixo, ações podres, títulos buitres como dizem na Argentina, papeles buitres….) o que já implica em obrigações contratuais de venda dos títulos do Tesouro brasileiro. Diversos fundos de pensão e de investimentos têm em sua cláusula contratual e de funcionamento, a obrigação de apenas comprar papéis de países com uma nota relativa das agências e, estas devem vir acompanhadas de uma alta taxa de remuneração. Quanto maior o “risco”, maior a sangria especulativa através do retorno da taxa de juros reais. O Brasil já tem a maior taxa básica de juros do mundo e talvez ainda aumente, pois a Standard & Poor’s rebaixou a nota brasileira em setembro e agora é a vez da menor das três, a Fitch, restando apenas a Moody’s.

Ouso afirmar que, para este momento, a melhor opção para os especuladores seria uma liquidação total das políticas do lulismo e a aplicação à risca dos passos observados pelo receituário neoliberal. Por isso tanto entusiasmo com o golpe paraguaio na forma de impeachment cuja canoa já faz água. Para os tubarões do mercado financeiro, todo dia é dia de carne fresca, e a 7a economia do mundo com um ainda vigoroso mercado interno de mais de 100 milhões de consumidores médios é um prato cheio. Este governo – ou o que dele resta – já fez a inflexão possível para o ajuste fiscal e o inexorável caminho das restaurações neoliberais e sabe que se apertar mais o cinto, teremos um início de colapso das instituições formais mais importantes. Quando há aperto no orçamento e execução de gastos públicos, a conta é paga na calçada, na sinaleira e na marquise, aumentando o crime contra a vida e patrimonial, o índice de moradores e menores de rua além do aumento da extrema pobreza.

Apontando conclusões óbvias

Para os tubarões e alto executivos com trajetória no mercado financeiro – estando hoje dentro ou fora do governo, na situação – como estava Joaquim Levy até 18 de dezembro de 2015 – e na oposição – como Armínio Fraga, o quase ministro da Fazenda de Aécio – valem as antigas regras do mar. “Saque e butim” após o ataque e conquista da presa. As agências fraudulentas fortalecem o eixo financeiro Nova York-Londres e reforçam a dominância dos especuladores.

Não há como negar que a chantagem avança sobre o Brasil. Ainda na última semana de 2015, quando o governo aponta o aumento do salário mínimo a R$ 880,00 e na sequência criminosamente veta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) o reajuste do Bolsa Família conforme as perdas da inflação acumulada no anterior, o tal do mercado – cuja opinião é apreciada através dos tecnocratas do Banco Central e publicada no Boletim Focus – já se plantava a “necessidade” de mais um aumento da taxa básica de juros, defendendo uma Selic a 15,25%! Hoje a alta dos juros é quase que uma profecia anunciada, sempre lembrando que o patamar mínimo chegou a 10 por cento até a retomada da alta no início de 2014, não por coincidência, ano eleitoral e momento chave para manter a Febraban na linha de defesa do governo Dilma e sua possível (e cumprida) reeleição.

Retomando o argumento da dependência estrutural externa e internamente, logo estruturante em todas as esferas da vida social, admite-se que o capitalismo periférico aqui praticado consegue reproduzir conflitos em escala global e ter reprodutores de confiança destas perspectivas em nosso país. Assim, os corsários ingleses da The Economist sempre encontram eco na bandidagem de terno e gravata no país dos sonegadores e terra da especulação e da economia.

Bruno Lima Rocha é professor de ciência política e de relações internacionais.

Site: www.estrategiaeanalise.com.br
Email: strategicanalysis@riseup.net
Facebook: blimarocha@gmail.com

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