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Revelador diálogo a respeito da suposta política repressiva do governo de São Paulo e uma reflexão subsequente

category brazil/guyana/suriname/fguiana | community struggles | opinião / análise author Monday January 18, 2016 07:26author by BrunoL - 1 of Anarkismo Editorial Groupauthor email blimarocha at gmail dot com Report this post to the editors

17 de janeiro de 2016, Bruno Lima Rocha

Na metade de janeiro de 2016 tive uma conversa através de rede social – no privado – com um amigo de longa data, morador do estado de São Paulo, e profundo conhecedor da política local. Este conhecimento inclui importantes municípios como Santos, Campinas, Guarulhos, a região do ABCD, assim como do poder municipal em São Paulo capital, e óbvio, o Palácio dos Bandeirantes. Além de acadêmico, este militante com muita experiência notou o avanço da repressão policial contra as marchas organizadas pelo Movimento Passe Livre (MPL) e entidades aliadas. As palavras a seguir são de fonte segura, e podem ser lidas como uma suposição – já que não tenho a prova material – ou como uma hipótese bastante provável, que é como eu as encaro. Eis a fala deste amigo:
“Aliás tem a orientação de bater muito, mas evitar sangue, braço quebrado, coisa que a mídia possa escandalizar. Claro que é duro calibrar isso numa tropa com sangue nos olhos. Também tem a orientação de “respeitar” apenas jornalistas da grande mídia".
“Aliás tem a orientação de bater muito, mas evitar sangue, braço quebrado, coisa que a mídia possa escandalizar. Claro que é duro calibrar isso numa tropa com sangue nos olhos. Também tem a orientação de “respeitar” apenas jornalistas da grande mídia".

“Fala Bruno, sobre a repressão em SP, uma amiga que trampa no governo bem próxima de quadro tucano disse que a tática é apavorar prá esvaziar os atos e deixando só os mais mais aguerridos, aqueles que justamente pela bronca acumulada tenderiam a se tornar mais violentos e “justificar” a posteriori a repressão pelos “vândalos”. Enfim, a ideia central é evitar que massifique.”

“Aliás tem a orientação de bater muito, mas evitar sangue, braço quebrado, coisa que a mídia possa escandalizar. Claro que é duro calibrar isso numa tropa com sangue nos olhos. Também tem a orientação de “respeitar” apenas jornalistas da grande mídia. Blogs, independentes, etc são considerados ativistas e receberão o tratamento de militantes.”

“Novamente é difícil seguir isso à risca, pegaram pesado com jornalistas do UOL e da Gazeta esses dias. Os caras estão tentando ficar num grau de violência suficiente prá dissuadir, mas não tão alto que escandalize a mídia e gere solidariedade massiva como em 2013.”

Queria aportar uma breve reflexão. Infelizmente a maior parte da esquerda restante – nem incluo mais a base do governo e as tradições do lulismo, stalinismo e trabalhismo – conhecem pouco ou nada da interna do aparato repressivo e oscilam entre a denúncia e a fracassada tentativa de arregimentação. As políticas de segurança pública, o funcionamento interno destas corporações militares ou civis, os códigos de lealdade, o emprego da violência oficial e do Terror de Estado (como é o caso do acionar policial nas áreas de favela ou periferia) devem ser um tema da ordem do dia para quem quer analisar e transformar este país. O período do lulismo não fez nada ou quase nada a este respeito, deixando o entulho autoritário praticamente intacto.

Alianças espúrias com oligarquias estaduais e falta de coragem política levam a este abandono de debate. O mesmo se dá na relação com as forças armadas e especificamente com o exército de Caxias. Trago esta reflexão porque o caminho mais fácil seria responsabilizar o governo tucano paulista pelas atrocidades, sem levar em conta, por exemplo, as barbaridades e atrocidades cometidas pela PM baiana já no comando do terceiro governo petista. Não se trata necessariamente de uma relação belicosa e repressiva do governo dos Bandeirantes, haja vista o acionar da Brigada Militar em 2013 sob governo do ex-comunista profundamente arrependido, Tarso Genro. Até presos políticos tivemos na província, sendo que há seis processados e um condenado em primeira instância.

É urgente avaliar a relação permanente entre os governos estaduais e o aparelho repressivo sob seu comando, mas nunca sob sua inteira lealdade. Não é nada difícil a autonomização dos corpos tecnoburocráticos, em particular no caso de forças policiais. Estudar este comportamento e tomar esta medida na promoção de lutas justas e massivas é tarefa urgente para reconstruirmos o pensamento e a ação da radicalidade de esquerda em defesa do interesse das maiorias no Brasil.

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