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brazil/guyana/suriname/fguiana / miscellaneous / opinião / análise Monday July 06, 2020 09:44 byBrunoL

Na primeira parte desta trama macabra e “ficcional”, fizemos um panorama dos momentos anteriores à consolidação das forças parapoliciais. O século XXI torna complexo o modelo de Estado paralelo ou Estado complementar onde o conceito muda. Podemos marcar três fases no núcleo mais dinâmico da economia política do crime. As fases seriam: o jogo do bicho como operador absoluto; as redes de quadrilhas cujo negócio principal é o narcotráfico, também chamadas de “facções” e que os conglomerados de mídia insistem em chamar de “crime organizado”; por fim, o século XXI apresenta a “novidade” dos parapoliciais, a “evolução” da polícia mineira que existia na Baixada Fluminense e em algumas poucas localidades na zona oeste do Arroio, e se amplia ao ponto de dominar mais de uma centena de comunidades. Vejamos o marco temporal.

05 de julho de 2020 – Bruno Lima Rocha com ilustração de Rafael Costa
* Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes ou pessoas terá sido mera coincidência.
Na primeira parte desta trama macabra e “ficcional”, fizemos um panorama dos momentos anteriores à consolidação das forças parapoliciais. O século XXI torna complexo o modelo de Estado paralelo ou Estado complementar onde o conceito muda. Podemos marcar três fases no núcleo mais dinâmico da economia política do crime. As fases seriam: o jogo do bicho como operador absoluto; as redes de quadrilhas cujo negócio principal é o narcotráfico, também chamadas de “facções” e que os conglomerados de mídia insistem em chamar de “crime organizado”; por fim, o século XXI apresenta a “novidade” dos parapoliciais, a “evolução” da polícia mineira que existia na Baixada Fluminense e em algumas poucas localidades na zona oeste do Arroio, e se amplia ao ponto de dominar mais de uma centena de comunidades. Vejamos o marco temporal.
A periodização da economia política do crime no Arroio de Fevereiro
Para a Região Metropolitana do Arroio, o jogo do bicho operava a loteria ilegal sendo a contravenção com requintes e capacidade de operar como “multiplicador bancário” do lado B da “lei”. Cada “banca” (parecida com a banca da Florença dos Médici) tinha – tem - sua praça, seu território e havia (há) uma banca conjunta, onde existe a possibilidade de um banqueiro cobrir o outro, incluindo o custo transacional posterior. Uma cobrança possível é o custo do dinheiro, devolvendo com juros ou margem de lucros de bancas; no limite da cobrança, o território pode ser tomado, incorporado. A “bicheirada” também controlava – controla – outros negócios suspeitos, como máquinas de caça níqueis e até casas de apostas não autorizadas. Uma das virtudes públicas dos banqueiros era – é – a presença em importantes instituições sociais, especificamente nas agremiações de escolas de samba, na tradição do apadrinhamento. A banca do bicho recuou, mas não chegou a perder sua capacidade de existir e complementar outras cadeias de valor da economia do crime.
A partir do final da década de ’70, dentro das instalações “correcionais” da Secretaria do Sistema Prisional Fevereirense (SSPF) do estado do Arroio de Fevereiro, as redes de quadrilhas se organizaram com a formação e a negação do “coletivo”. A Facção Tomate deu seu grito do Ipiranga se libertando da direção da Penitenciária da Ilhota Gigante e, simultaneamente, confrontando com a Facção Crocodilo, a hegemônica nas galerias e “aliada” do sistema. Na década seguinte, as ações mais duras, de roubos a banco, joalheria e fugas espetaculares foram sendo substituídas pelo varejo do tráfico, o acesso a rotas de “matutos” – nos países produtores que fazem fronteira com o Bananistão – e o permanente controle das galerias do SSPF. A “guerra do Arroio” seria a disputa entre as facções, Facção Tomate (FT), Facção Crocodilo (FC) e o racha da primeira que fecha com quem pode, a Compadre dos Compadres (CDC); e também o problema de quem fecha o que e com quem (infelizmente as alianças são volúveis e os “sangue bom” não são nada legais uns com os outros). Na FMEAF uma importante parcela da tropa e das unidades faturou muito no arrego pingado semanal, como que tributando sobre a movimentação do varejo de drogas ou então cobrando uma “licença de funcionamento”. No limite, uma parcela paralela da estrutura formal da Força Militarizada Fevereirense “alugava” serviços ou tributava rotas e redes inteiras, mas não se tornava dona do negócio.
A partir daí a periodização histórica da economia política do crime no estado do Arroio se encontra no tempo presente. A Parcela Apodrecida vira uma das fontes das “milícias”, nas bandas de parapoliciais, do paramilitarismo policialesco, e o conceito de território passa a ser plenamente aplicado. Não era mais o morro como fortim de defesa e aglutinador de formas de vida e sobrevivência; já não passava por amplas regiões da cidade e do subúrbio, da região metropolitana fevereirense com os “padrinhos banqueiros” do bicho. Agora o dono era o frente e os negócios locais – em especial os informais -, a população (como porteira fechada vendendo os colégios eleitorais) e o investimento imobiliário em zonas irregulares, com ênfase na grilagem e verticalização das comunidades dominadas. Se a bicheirada e os antigos grupos de extermínio da Baixada Fevereirense chegaram a ter prefeitos e deputados (subnacionais e confederais), os paramilitares operam desde o começo com a representação política: conselheiros municipais, deputados na ALEAF e, de forma indireta, vínculos muito próximos ao Planalto Real, o Poder Executivo máximo do Bananistão.
A expansão da estrutura de poder dos Parapoliciais
É no mínimo curioso fazer algumas correlações. No mundo real, e não no Bananistão, ficou na moda judiciária em um momento a “teoria do domínio do fato”; antes porém, o emprego de pesquisas sociológicas através do cruzamento de dados e variáveis no programa SPSS, em suas várias versões. Portanto, vamos colocar algumas correlações no texto, algo já assumido como dado, tanto no país tropical como na República Deformativa bananisteira.
Em termos de Projeção territorial, em 2004, havia somente seis comunidades sob controle de milícias. Em 2007, já eram 93 comunidades; sendo que em 2014, 148 comunidades. Ou seja, houve um avanço absurdo em dez anos, cresceu mais de 100%. Mas, durante a transição do governo do Ex-Sindicalista para o da Economista Vanuza, a promoção da Guerra do Arroio, com transmissão ao vivo pela Rede Bobo se deu porque o helicóptero do Obispo Fariseu pegou um bonde transitando de uma ponta para outra do Complexo do Austríaco. Antes porém, a Infantaria de Tamandaré (IT) foi convocada para romper as barricadas na Cruz da Vila. Estava feito o ambiente para as operações de Ordenamento Legal Garantido (OLG), com a ex-esquerda fazendo graça para a Rede Bobo e depois fingindo não enxergar o esquema dos “puliça do Playboy” fazendo a festa no paiol, cofres, estoques e demais recursos no Complexo do Austríaco. Com os OLG e a ação estadual da Presença Permanente da Força Militarizada majoritariamente estrangulando os canais de arrecadação da Facção Tomate, a Parcela Apodrecida e os Parapoliciais, cade vez mais “juntos e misturados”, entraram em metástase e fizeram a “festa”.
No campo da politica profissional a coisa foi adiante. Trata=se de um exercício lógico correlacionar o patrimônio do clã dos Fascistas Arrivistas (FA) com o exponencial crescimento das milícias. Igualmente há um aumento substancial na votação dentro do estado do Arroio de Fevereiro. Os dados são gritantes, e nos levam a algumas ilações. Não há como provar cabalmente que os membros da FA são parapoliciais, mas o fato do próprio Matador Mariano da Obra, ter sido homenageado pelo então legislador sub-nacional “Gelatina” na ALEAF, assim como o Coiso papai, já indica algo.
É certo que o núcleo familiar específico dos FA não é o único nem o pioneiro nessas perigosas correlações. Outros os antecederam, todos sem exceção com parentes sendo – tendo sido – servidores na área da segurança estadual. Até político da ex-esquerda, o veterano inspetor das Investigações Judiciais Corjino Chabu, tem vários processos nas costas e puxou cadeia por ser acusado de liderar grupos de extermínio ou facções de parapoliciais, popular e equivocadamente chamadas de “milícias”.
Outro núcleo poderoso em Big Field com domínio expandido ao Cruzeiro Sagrado (antiga zona rural da capital fevereirense) controla a Religa da Injustiça e atende por diminutivos: Vesperino, Herodinho e Branquinho. A lógica de “trabalho de base”, além da violência, é o assistencialismo através de Centros Sociais espalhados pela Zona Oeste e Subúrbios. O apadrinhamento de festividades locais também é importante, como nas turmas de Bate Bola; embora boa parte dessas festas está sendo tolhidas pela presença de Empresas de Exploração da Fé Alheia, vulgarmente denominadas de “neopentecostais”. Sabe-se que tais famílias ou grupos de interesse operam muito localmente, o que implica um diferencial competitivo para um clã que tenha trânsito em vários públicos, e possa existir, sobreviver, sem um território determinado embora tenha relações com a barra pesada da Porteirinha, Cai Tudo e Iaragá, alta hierarquia da Repartição da Delinquência (RD).
Uma hipótese para o desenvolvimento paralelo da FA talvez seja mesmo por ser o mais afastado do olho do furacão, e possa se relacionar sem a sujeira curricular evidente. No próximo episódio nos dedicamos exclusivamente ao possível modelo de negócios do “Gelatina” e seus amigos, além das relações de apoio do Inominável Coisificado com o pior do pior do entulho autoritário, tanto no estado do Arroio de Fevereiro como nas demais forças militarizadas estaduais e adjacências.
Bruno Lima Rocha é editor dos canais do Estratégia & Análise, a análise política para a esquerda mais à esquerda.
Contato: blimarocha@gmail.com | facebook.com/blimarocha
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brazil/guyana/suriname/fguiana / miscellaneous / opinião / análise Monday July 06, 2020 09:38 byBrunoL

Esta é uma trama macabra. Fábula de horror tropical, tão “real” como os livros de Luiz Eduardo Soares – a Elite da Tropa 1 e 2 – ou os filmes que o hoje, diretor de comédia, José Padilha, (Tropa de Elite 1 e 2) também rodou. José Padilha fez uma telecomédia fantasiosa e patética, a série O Mecanismo 1 e 2, “livremente inspirado” na Republiqueta de Curitiba e na Liga da Não-Justiça. As palavras que seguem estão mais próximas de serem “livremente inspiradas” na triste realidade do estado do Arroio de Fevereiro e da República Deformativa do Bananistão, do que nas obras acima citadas.

29 de junho de 2020 – Bruno Lima Rocha e Rafael Costa
* Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes ou pessoas terá sido mera coincidência.
Esta é uma trama macabra. Fábula de horror tropical, tão “real” como os livros de Luiz Eduardo Soares – a Elite da Tropa 1 e 2 – ou os filmes que o hoje, diretor de comédia, José Padilha, (Tropa de Elite 1 e 2) também rodou. José Padilha fez uma telecomédia fantasiosa e patética, a série O Mecanismo 1 e 2, “livremente inspirado” na Republiqueta de Curitiba e na Liga da Não-Justiça. As palavras que seguem estão mais próximas de serem “livremente inspiradas” na triste realidade do estado do Arroio de Fevereiro e da República Deformativa do Bananistão, do que nas obras acima citadas. Tudo de trata de ficção, embora eu afirme perigosamente que a Terra continua Redonda e que o Sol não gira em torno dela, tal e qual a soma da matemática, 1 + 1 = 2. Alguém, de fato, ouviu o murmúrio do físico Galileu Galilei, em 22 de junho de 1633, quando para escapar da Inquisição, renega o óbvio e afirma o fantasioso? Escapa da fogueira e reafirma sua convicção. Esse artigo segue dizendo: Galileu tinha razão.
O eixo central é o nexo político-policial-criminal que ocorre e se desenvolve no Arroio de Fevereiro, polêmica, ensandecida e, ainda, relevante unidade federativa e governo estadual sub-nacional da República do Bananistão. Tal eixo se cruza com a trajetória política de um clã político Fascistoide-Arrivista (FA), que também atende pela alcunha de Familícia. Esta tem como patriarca Coiso Inominável (CI), o ex-taifeiro da Guarda Nacional Bananeira - reformado por sinal, da arma da cordoaria, embora tenha feito curso de balonismo e escapado das missões no interior, arrumando um curso de monitor de pátio de colégio CM na capital do estado – o pilar da carreira dos machinhos alfa. O tal FA fraquejou várias vezes, botando no mundo a mais de uma dúzia de filhos, mas infelizmente a três machistas imbecis, fora outros descendentes. Politiqueiros conhecidos descendentes do ex-taifeiro adentraram na carreira da “representação das bandeiras culturais neoconservadoras”, a mesma do papai.
CI tentou ser síndico, depois deputado subnacional, conseguiu ser deputado nacional de cinco mandatos e, através de um tal de aplicativo de mensagens, com mamadeiras indecentes, acabou sendo eleito vice-presidente na maior crise política do Bananistão do século XXI. Fez um dos filhos, o Chocolate do Tremelique (CT), também conhecido como “Gelatina” (porque costuma ter síncopes em discussões políticas, mesmo em mesa de bar ou sorveteria), um deputado regional de seguidos mandatos na famigerada ALEAF, a mal afamada Assembleia Legislativa do Estado do Arroio de Fevereiro. Depois, a esteira da desgraça familiar continua com o muito mal resolvido “Ducha Brilhante” (DB). Mal resolvido porque parece que o eterno rapaz tem uns hábitos que não costuma reivindicar, mas Freud explica. Parece que o sujeito é craque em redes sociais e vem montando discursos mais ou menos plausíveis para quem tem baixo padrão cognitivo e já está propenso a crer que a Terra seria plana ou que um tal Astrólogo Enganador (AE) seria “filósofo”. Outro descendente na carreira da polititica é o Xisburguer de Mariola (XM), que atende pela alcunha de “Goiabadinha”, talvez pela sua pose de goiabada de lata, dessas fabricadas (ele não é goiabada cascão), saiu deputado nacional por outro estado, eleito e reeleito. Na carona do papai, o CT virou representante majoritário, ainda operando como puxador de votos para um inquisidor com pose de fascistoide, o igualmente nefasto “Água Podre” (AP). Então aliados, hoje desafetos, sendo que o “Gelatina” ficou amigo do alcaide Fariseu do Milhão (FM), na capital do Arroio.
A trama em particular desenvolve, se enrola e não desenrola, através da larga atuação de alguns deputados regionais, outros são conselheiros municipais, e no meio disso temos a ascensão meteórica do CT como deputado sub-nacional. Ali, em seu gabinete – como em outros, parece que doze segundo as apurações judicializadas - estavam alocados personagens e parentes de um mundo sinistro.
Da Parcela Apodrecida para as “parapolícias”: Podridão, Playboy e Intervenção Geral
Na eleição geral de 1998, o estado do Arroio de Fevereiro viveu mais um momento de conflito interno na área da segurança pública. No período anterior, de 1995 a 1998, o território do estado passou por tudo, incluindo uma intervenção confederal, sucessora da presença de forças nacionais em grande evento no ano de 1992, conferência do Sistema Internacional Unificado para o meio ambiente. Na ocasião, a cidade do Arroio e arredores foi demarcada em zonas vermelhas – muito perigosas – laranja – de mediano perigo – e verdes – onde não havia perigo, mas apenas moradores deveriam circular. Nos bairros mais ricos, segundo a tecnologia da época, residentes eram orientados a portar contas de luz ou água, provando “que ali moravam”. Já para os moradores de comunidades de favela, a solução da Guarda Nacional do Bananistão foi apontar um canhão de blindado, um tanque à frente da maior das comunidades vizinha de bairros ricos.
No governo seguinte, com debandada geral dos seguidores do antigo caudilho desgarrado do pago Sulista e, já radicado na beira da praia, desde que voltou do exílio, o inferno estava posto. Em nível federal, da hiperinflação se passou para a estabilidade monetária, mas amputando as possibilidades de autofinanciamento dos estados bananisteiros. No plano subnacional, no Arroio de Fevereiro, a Operação Riacho II fecha 1994 estabelecendo a segunda intervenção confederal na antiga capital da republica da quartelada e do Império Luso-Bananeiro. Após as eleições gerais de 1994, com o Bananistão tetra campeão do mundo, o governo “fevereirense” está com transição de mandato com decadência “ampla, geral e irrestrita” – incluindo a criminalização da pobreza na praia e na areia, escandalizado os banhistas e as TVs com os “arrastões”.
Não seria tarefa simples controlar a Força Militarizada do Estado do Arroio de Fevereiro (FMEAF) do estado e para tal, a Secretaria de Segurança Cidadã é entregue a um ex-repressor da guerra interna contra a incipiente guerrilha contra a ditadura militar, secundado por um delegado reformador, da geração de “sangue novo constitucionalista”, por sinal social-democrata assumido, e eleitor mais para canhoto e depois exercendo mandato pela ex-esquerda. Na comparação do Bananistão com o Brasil, especula-se que foi por volta deste período que o diretor de comédias televisivas José Padilha rodou o Tropa de Elite 1. Para ter uma ideia do tamanho do problema, a famosa Divisão Anti Sequestro começou a solucionar todos os casos, justo porque o super-delegado “Comissário do Raio de Luz” foi comandar a Divisão e ordenou: “ninguém sequestra mais”. E os cativeiros começaram a ser estourados um depois do outro.
No segundo governo do ex-caudilho e no que o sucedeu, seu ex-prefeito da capital do Arroio de Fevereiro, a FM tinha um notório grupo de extermínio, Jumentos Velozes, no 109º BFM de Arrocha Piranda. Pelas reorganizações das unidades, essa tradição veio a ser do 144º BFM, a Unidade do Terror. Ambos os batalhões se cruzam com a história da FA, o primeiro com o papai valentão, pois quando foi assaltado pilotando um carro conversível e armado (dizem que de revolver de espoleta, um 38 fajuto como uma tal sigla partidária ainda não legalizada), teria recorrido “aos amigos dos mais amigos” do 109º Batalhão e a partir daí parece que ninguém sabe e ninguém viu. No ato de reagir, o valente taifeiro reformado congelou - o que é normal -, mas no momento de “correr atrás”, chamou a força dos Jumentos e “passaram geral”. Esses Jumentos teriam promovido a chacina de Coroinha do Local, sendo antecedida pela da Igreja da Mãe da Pandelária e de 14 jovens filhos de Avós de Acaçari, no centro da capital. Dezenas de moradores da cidade e arredores perderam a vida para esse grupo de extermínio diretamente influenciado pelo então ainda deputado sub-nacional e ex-major da FMEAF, Cleomir Tangerina. Dentre estes, o autor desta fábula em sua versão real e concreta também perdeu um amigo para um desses criminosos em seu turno de folga, “tirando serviço” na Região dos Lagos.
O paralelo ao 109º BPM na década de ’90 é a ação do 144º BPMERF na segunda década do século XXI. Assim como as unidades tenebrosas – Jumentos Velozes e Unidade do Terror -, o modelo de acumulação primitiva de cobrar tributos da economia ilegal – o famoso arrego semanal mais os extras sobre o narcotráfico – e a “boa convivência” com a bicheirada foi mudando. Houve mais uma tentativa de “reformar” a polícia, dessa vez com um antropólogo e literato, um ex-euroestalinista, desses que acredita piamente na democracia burguesa e no “aprimoramento das instituições”.
Quando a ex-esquerda chegou ao Planalto Real, a capital do Bananistão, o próprio foi levado à condição de Secretário Nacional de Segurança Cidadã, e propôs novamente a reforma policial com carreira única e ciclo completo. O queimaram de novo, mas sem ameaça de vida. No Arroio de Fevereiro, no governo do Molequinho Falador (MF), a “nova força militarizada” começou com fôlego e terminou sendo caracterizada pelo assertivo intelectual de “parcela apodrecida”. Novamente era para juntar óleo e água. O professor reformador era o 02 de um ex-repressor, Hipocrisia de Terno (HT), tenente-coronel da FMEAF, mas que havia atuado na repressão política, incluindo acusações de tortura a presos políticos. Em março de 2000, o MF demite o ex-euroestalinista pela TV, justo pelo fato da denúncia da parcela apodrecida. Daí em diante, um breve exílio salva a sua vida e de seus familiares.
O reformador civil não foi o primeiro, antes nos idos de 1983, uma geração de coronéis da Força Militarizada com interesses em direitos humanos e sociais, estudiosos de psicologia social, tentaram mexer nas entranhas da instituição. O que mais longe chegou foi Antonino Magnaldo de Oliveira. Terminou assassinado em circunstância muito mal explicada, quando já estava na reserva, e cujo caso foi encerrado pelo então secretário HT e com o silêncio cúmplice do “reformador”. Enfim, ali é difícil mesmo, como afirmou o diretor de comédias: “o sistema é F. parceiro”.
O século XXI trouxe uma “novidade”, ocorrendo com o Bananistão algo semelhante aos eventos de profissionalização e complexidade empresarial no mundo real, como na terra de Gabriel García Márquez, com as Autodefesas Unidas de Colômbia (AUC). Passaram a dominar territórios (vendendo o colégio eleitoral da comunidade como porteira fechada), redes de negócios com ampla penetração social (como gato na TV a cabo, distribuição de gás, Vans de cooperativas de transporte para áreas sem transporte público concedido) e também na tributação para taxa de segurança (sobre todo e qualquer comércio na área). A próxima complexidade para os paramilitares fevereirenses seria o controle de rotas para roubo de cargas, aluguel de espaços para “bocas de fumo” incluindo tele-entregas e os “empreendimentos imobiliários”. Algo semelhante ocorrera no México, quando uma unidade de elite binacional - mexicana com o GAFE e guatemalteca com os Kaibiles – composta por reservistas formou a última companhia, a Z. Los Zetas passaram de escolta a cartel e depois foram dizimados na guerra do norte. No Arroio de Fevereiro, além de não sofrerem derrota alguma, o paramilitarismo policial cometeu um crime na memória histórica, ao incorporar a designação de “mlícias”.
Nos governos da Parcela Apodrecida assumida, com HT à frente e MF no Palácio das Mexericas, assim como já na sucessão de Espinhosa Margarida (EM, a “conja” de MF segundo o dicionário luso-entreguista do juiz Marreco da Republiqueta), a podridão aumentou. No período, a chefia de Investigações Judiciais (IJ) ficou a cargo de um delegado muito esquisito. Rambo Galã (RG), ex-oficial da FMEAF (saiu como tenente superior e teria feito curso de força de ação inesperada), entrou na Academia da IJ com mandado de segurança e HT o promoveu. Acabou na famigerada ALEAF e preso pelos federais. De biografia “inspiradora”, seu legado serve para roteiros de obras “noir”, de tipo mistérios e misérias policiais.
Como tudo no Arroio de Fevereiro é “complicado”, um Playboy Parasita (PP) foi eleito governador de estado em 2006, reeleito em 2010 e ainda indica o sucessor, o Dedo Gigante (DG), para o Palácio das Mexericas. A farra acaba com todo mundo em cana, o estado sob intervenção das forças confederais do Bananistão e depois prende o suposto “Dedo Gigante” (DG), que realmente estava “difícil” de ser identificado pela Força Tarefa da Vazante Espumosa. O inútil PP até era filho de poeta, e se dizia uma pessoa “simples”, torcedor do Gigante da Colina, mas de estranhos hábitos, como festas nababescas com guardanapos na testa em plena capital da Gália.
O parasita era poderoso, chegando a indicar dois juízes para a Suprema Corte Estamental Bananeira. Dizem que um deles, metido a casca grossa e faixa preta não sei que grau (mas de verdade a faixa dele, não a que o FA ganhou do seu Crobson), teria beijado os pés da primeira dama fevereirense depois que ele, fora indicado para Suprema Estamental pelo peso político do hoje ex-governador defenestrado. Como tem eleitor à beça no Arroio de Fevereiro, a ex-esquerda se aliou ao inútil no governo estadual, baixando linha e tudo através do Estalinho Caipira, o super capa preta da social-democracia, botando a aliança com o playboy goela abaixo do diretório estadual. Na reeleição o vale tudo pela tal da governabilidade ainda pegou, mas na eleição do DG já era cada um por si. Isso porque a lambança estava feita, com todas as legendas de centro-esquerda do estado se sujando, caindo de cabeça na vala, sem pudor, abrindo mão de quase tudo para fazer quase nada. E ainda sair queimada.
Os dois governos do Playboy foram, em sua grande maioria, geridos na pasta da segurança por um delegado federal que vinha da Província Sulista. Antes, por breves meses, outro federal, que se aventura na carreira política e que havia sido braço direito do Josefino Carcamano, ex-candidato á Presidência do Bananistão por duas vezes, foi titular da pasta maldita, o Zerelo Itaíba (ZI). Mas, a marca da insegurança pública do Playboy e do DG foi com o secretário sulista. Com fama de honesto, de repente entrou e saiu limpo, mas foi no mínimo conivente com a chocadeira de veneno que estava sendo gerida nas entranhas, no bolo fecal do “sangue azulado”.
“Gelatina”: deputado amigo dos amigos
É neste período que entra no circuito político o “Gelatina”, como deputado subnacional na amaldiçoada ALEAF. No governo da Espinhosa ele entra na carreira política, pegando carona no nome do papai, ainda no século XX. Chega ao mandato de legislador da unidade confederativa no período anterior e seguinte, como no do Ex-Dirigente, à frente do Bananistão. O CT, repetindo a retórica do pai, vê esquerda em tudo, mesmo quando esta sequer está presente. “Gelatina” foi reeleito quando do primeiro governo PP no Rio de Fevereiro e seguiu no mesmo embalo vindo a ser representante majoritário no pleito seguinte, quando o FA pega carona na crise política e se torna o vice-presidente do Bananistão, com a ajuda indireta do trio engravatado e mauricinho da Republiqueta: Marreco, Danoninho e Galã do Compliance (afilhados adotivos de um tal de Cajuarino).
Do período auge do Playboy, com direito a discurso elogioso do CT, a Parcela Apodrecida “evolui”, sendo uma empresa arrojada, distribuída em redes de terceirizações, num processo de “inovação empresarial” à altura do novo milênio. Toda a lenga-lenga ridícula neoliberal é um pastiche da realidade, mas opera como texto legitimador. Já não era possível ignorar as denúncias e milagrosamente a ALEAF bancou uma Comissão Legisladora de Investigações (CLI) do Paramilitarismo, sob a coordenação de mais um reformista convicto, como o antropólogo que queria reformar a polícia. Apesar de discordar de seu sistema de crenças e do “estrelismo” vindouro, reconhece-se que investigar a Parcela Apodrecida já como paramilitarismo policial foi um ato de coragem e fundamental para revelar aquilo que a nata da gema fingia não ver.
Entre fevereiro de 2007 e o segundo semestre de 2008, a dita CLI das “Parapolícias” trabalhou fundo na investigação do bolo fecal do paramilitarismo policial no estado do Arroio de Fevereiro. O domínio territorial se consolida em no início da primeira década do novo século e entra em conflito, por retaliação, com a maior das facções de redes de quadrilhas do varejo do narcotráfico, a Facção Tomate. “Curiosamente”, quase a totalidade das instalações permanentes de policiamento em comunidades se deu em áreas desta facção, a FT. Outro fenômeno da auto-organização parapolicial, a partir dos anos 2000, alguns servidores da segurança pública começaram a se organizar para expulsar o tráfico de áreas onde residiam. Nesta luta pela sobrevivência, a nova tradição se soma a de “polícia tropeira”, dando um salto organizativo.
Neste salto, as redes formaram bandas de parapoliciais. Duas ganharam destaque. A maior delas, quando fecharam o relatório da CLI, a Religa da Injustiça, de Big Field, faturava limpo e sem tributação cerca de R$ 2 milhões à época (muito dinheiro para o período). Outra fonte de renda e “necessidade de botar ordem na coisa”, é a presença de vans e cooperativas de transporte alternativo, ilegais embora muito necessárias, no Arroio de Fevereiro, novamente com ênfase na Zona Oeste. Não era exclusivo dos parapoliciais gerir ou tributar o negócio, mas a ordem do trânsito e a fiscalização mais interna - além de conter as brigas - serviu como porta de entrada das bandas paralelas de parapoliciais.
A cobrança da ordem territorial e de novos loteamentos em comunidades seria outra forma de desenvolvimento das empresas de parapoliciais. De tão conhecida tal prática, até virou novela na Rede Bobo (de 2007 para 2008), tendo um galã das antigas interpretado um personagem livremente inspirado em líder comunitário semelhante. A comunidade da Porteirinha foi a fábula para a Rio das Pedradas, espaço principal da trama do folhetim televisivo. Nesta comunidade seria organizada nefasta Repartição da Delinquência (RD), novamente emulando fenômenos colombianos como a Oficina de Envigado, do finado Popeye, ou da Oficina semelhante de Cáli. O reconhecimento da emissora nave mãe no Bananistão, contando inclusive com o aval novelístico da Famiglia dos Narinhos, vai ao encontro da sofisticação de domínio.
Ao lado dos matadores e de pilotos – feras das ruas esburacadas em Vans, carros sem amortecedores ou motos rápidas - o coração da economia parapolicial está na capacidade administrativa, na ação de contadores e analistas de dados. A bandidagem fardada ou distintivo em dia de folga, montou uma complexa cadeia de valo. Existe, de fato, economia política do paramilitarismo policial. Da “porteira fechada” para dentro e na trama entre territórios e formas de lavagem e multiplicação de ativos e de capitais. Nesta seara entra o papel de gabinetes parlamentares, dentre eles destaca-se a simbiótica relação entre o núcleo familiar dos FA, com a facção da bandidagem que já vestiu farda, com o hoje finado Sub-Comandante Matador Mariano da Obra (MMO) e seu 02, o sempre presente como meganha e ex-cabo, Faz-tudo de Oroz (FTO). Ao longo dos mandatos sub-nacionais do “Gelatina” a coisa avançou, os ovos chocaram e as serpentes desfiaram seus venenos.
Veremos estas façanhas nos próximos episódios.

Bruno Lima Rocha é editor dos canais do Estratégia & Análise, a análise política para a esquerda mais à esquerda.
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brazil/guyana/suriname/fguiana / anti-fascismo / opinião / análise Sunday June 21, 2020 21:57 byBrunoL

Divido esse artigo em três partes para um debate urgente, que deixou de estar no universo da imaginação para entrar na conjectura especulativa. Nas últimas semanas a pergunta “vai ter golpe?” tornou-se recorrente em diversos debates. E reconhecemos que existe algo de muito podre na República do Bananistão. O texto que segue se dedica a especular sobre possíveis manobras da extrema-direita no país. Não me dedico a tentar “dar linha” pela internet, considero essa posição pretensiosa e desnecessária, já que tomo como únicas linhas possíveis as tomadas em decisões coletivas dentro de partidos, coletivos, movimentos e demais agrupações mais à esquerda. Como disse o mestre Lupicínio Rodrigues, aos quem têm “nervos de aço”, vamos ao debate.

Por Bruno Lima Rocha - 21 de junho de 2020 - charge de Rafael Costa
Divido esse artigo em três partes para um debate urgente, que deixou de estar no universo da imaginação para entrar na conjectura especulativa. Nas últimas semanas a pergunta “vai ter golpe?” tornou-se recorrente em diversos debates. E reconhecemos que existe algo de muito podre na República do Bananistão. O texto que segue se dedica a especular sobre possíveis manobras da extrema-direita no país. Não me dedico a tentar “dar linha” pela internet, considero essa posição pretensiosa e desnecessária, já que tomo como únicas linhas possíveis as tomadas em decisões coletivas dentro de partidos, coletivos, movimentos e demais agrupações mais à esquerda. Como disse o mestre Lupicínio Rodrigues, aos quem têm “nervos de aço”, vamos ao debate.
Primeiro debate – Vai ter golpe?
Quero arriscar a projeção de alguns cenários. Reconheço o risco político de golpe e afirmo, com certo nível de especulação, que não passa de 20%, mas que pode entrar em espiral de incertezas, diante daquilo que não é mais possível de ser planejado. Creio que a única forma de haver um golpe de Estado no Brasil atual seria uma espécie de autogolpe tutelado com o clã Bolsonaro à frente e com apoio direto das Forças Armadas, intermediadas pelo quase 3.000 militares que ocupam cargos na administração federal do atual desgoverno. A fórmula do autogolpe não é uma novidade na América Latina (Bordaberry no Uruguai, em 1973, Fujimori no Peru, em 1992) e tampouco no Brasil, com a implantação do Estado Novo, em 1937. Nas três ocasiões, o líder golpista civil, incluindo Vargas, contou com apoio incondicional do alto comando das forças armadas, sendo que já vinham se preparando para a tomada parcial ou total do poder de Estado. Logo, ao estabelecer tamanho contingente na gestão direta da União, militares de carreira podem pensar que se sentem preparados para assumir um governo, mas jamais para novamente tomar conta do Estado, como fizeram em 1964.
Que tipo de motivação pode haver para um autogolpe resultando num golpe de Estado, com Bolsonaro à frente, mas diante de pressão e tutela dos generais de seu governo? Vejo como única possibilidade a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Não vislumbro, caso essa decisão seja tomada na mais alta corte eleitoral do país, possibilidades de que o núcleo mais duro do bolsonarismo aceite a resolução. Logo, de imediato, seria necessária a quebra evidente da disciplina militar, seja por parte do Exército Brasileiro ou mesmo de setores inteiros de Polícias Militares nos estados, talvez em estados-chave (como Rio, São Paulo ou Minas Gerais), quiçá no Distrito Federal (unidade da federação que não considero defensável, caso o governo distrital se mantenha legalista) ou, numa jogada de mestre, sublevar algum governo estadual comandado pela centro-esquerda (como Bahia, Maranhão e Ceará).
Entre uma decisão do TSE e algum recurso impetrado no STF estaríamos diante de uma escalada de mobilização de forças políticas, sociais, econômicas (sim, porque parte do empresariado que apoiou Bolsonaro em 2018 recuaria), com ênfase dentro dos estamentos que comandam os aparelhos Judiciário (incluindo os MPs), Policial (militarizado ou civil) e militar. Existe alguma ala legalista acima de tudo? Existem generais, almirantes e brigadeiros dispostos a ir às ultimas consequências para assegurar o arremedo de ordem constitucional que sobrevivera ao golpe com apelido de impeachment de 2016? Sinceramente não sei e desconfio que inexista. Ao mesmo tempo, reconheço que ao que se anuncia nos grandes portais que ainda se reivindicam como jornalísticos, tais pontes e relações de segurança estariam sendo construídas em todo momento.
Segundo debate: primeiro bloco de angústias
A baderna militar pode anteceder a tomada do poder pelos generais de Bolsonaro? Tal tomada de poder pode constituir uma ordem política nova, de tipo semi-parlamentarista, algo fundamental para garantir tanto a estabilidade da república como também a imutabilidade das relações de privilégio e acumulação de riquezas e recursos de poder? Seria possível forjar uma saída tão rápida em pouco tempo? Se esse suposto semi-parlamentarismo for implantado, o modelo é transferível ao menos para os governos estaduais? Quais dos poderes fáticos da república e dos blocos de poder e interesses identificados e com envergadura nacional estariam se antecipando? Por exemplo: no pré-1964, o plano de contingência seria um governo rebelde à direita com Magalhães Pinto em Minas Gerais, co-governo da UDN com a milicada fascistóide. Por isso que o general integralista Olympio Mourão Filho arrancou pela Rio-Bahia para tomar a Guanabara. Paratal, Magalhães, Lacerda e o impagável Adhemar de Barros fizeram viagens à Washington, tomaram a bênção do futuro finado John F. Kennedy e receberam garantias da embaixada do Império que receberiam reforço militar. Não foi necessário à época. Já agora não tem nada disso. Será que o viralatismo fardado se arrisca a tal ponto sem a garantia de apoio explícito dos gringos? É de se duvidar, mas operações paralelas sempre se desenvolvem nos Estados Unidos.
Dúvidas cruéis e de tirar o sono – segundo bloco de angústias
Realmente admito e entendo que estamos por diante de uma escalada do risco político. Quando Romero Jucá proclamou o arranjo de quase todos para safar da Lava Jato, trouxe a ideia de que seria “com o Supremo, com tudo”. Enquanto isso, nos quarteis, a milicada disse que não iria interferir. Por que não interferir? Aponto quatro possíveis razões: uma é a cruzada moralista do tipo “revolução colorida”, em que o vento a favor jogava o poder político no colo do Nosferatu Adhemarista, que traria um protagonismo de generais muito ressabiados com a Comissão da Verdade (tímida, incompleta e que não resultou em justiça de transição). A segunda é a aparência de legalidade, com os Lavajeteiros Made in U$A deitando e rolando nos terninhos, nas caras e bocas, com seu linguajar punitivista e o aval dos gringos. Uma terceira, porque houve a aparência de legalidade o tempo todo, mesmo quando o Marreco da Republiqueta de Curitiba assumia todos os riscos de fraude processual, com o famoso “não temos provas, mas temos convicções!”, dito pelo Danoninho em rede nacional. A quarta e última é o fator inequívoco que, com transmissões ao vivo e a cores, a Globo e outras emissoras transmitiam as versões contemporâneas dos fariseus, entreguistas, vigaristas de todos os tamanhos, enquanto os “meninos do Brazil”, do MBL e outras excrescências, clamavam por mais “Marchas com ‘deus’ pela democracia de mercado e o fim dos direitos sociais!”. Nada disso acontece agora, muito pelo contrário, e essa ausência não deixa de ser um alento.
O viralatismo fardado está presente – terceiro bloco de angústias
Por outro lado, o fator militar não estava presente e menos ainda se tinha a legitimação de 57 milhões de votos para um mentecapto que não sabe o que é governar. No balanço de contas, mesmo que eleito, Bolsonaro ganha o campeonato de crimes de responsabilidade, comanda um ministério de alucinados e se recusa a governar durante a pandemia. Talvez ele nunca baixe de 25% e jamais ultrapasse novamente os 30% de apoio. Vejam bem, estou falando de chance de autogolpe com virada de mesa e regime de força com a cassação da chapa pelo TSE. Esse não é caso de impeachment com Mourão assumindo numa gambiarra de tipo semi-parlamentarista e com algum cardeal da política, como Rodrigo Mais (DEM-RJ), dando as cartas e servindo de fiador com os grupos de mídia, o baronato financeiro, os grandes capitais ainda operando no Brasil e o cada vez mais delicado equilíbrio entre os estamentos à frente dos aparelhos de Estado, com carreiras perenes.
Será que os generais, brigadeiros e almirantes arriscariam tomar o poder estando à frente do Poder Executivo, subordinando os demais poderes oficiais e fáticos do país? Será que a ditadura de 1964 consolidaria um regime com regras autoritárias, se não fosse a azeitada máquina do SNI e depois da Guerra Interna? Evidente que não. E como agora não tem nada disso, existe sim um risco real de associação ao bolsonarismo, por cumplicidade de nada haver feito durante a pandemia.
Terceira parte – o que implicaria uma tomada de poder pela força de um autogolpe
Conjecturas de horror. Quando da decisão pelo TSE, se houvesse uma manobra de tipo autogolpe, o Distrito Federal, mais especificamente, o Plano Piloto, teria de estar sob Estado de Sítio, com toque de recolher e dispositivo de tropas federais, subordinadas ao Comando Militar do Planalto. Uma imagem semelhante ao ocorrido quando da votação das Diretas Já, em 25 de abril de 1984. Mas, naquele momento, já havia no país aquilo que os clássicos da transição política chamariam de Diarquia, com os governos estaduais sob comando da oposição, sendo que, na época, o aparelho destes poderes sub-nacionais ainda estava intacto (contando, inclusive, com bancos e instrumentos de política econômica para emitir títulos e créditos).
Se hoje o país é mais centralizado na União, na década de ’80 já não era tanto, ainda estando sob o comando dos palácios de governadores uma coleção de instituições importantes. Restam no âmbito estadual os aparelhos Judiciários e Correcionais, incluindo nestes últimos as polícias civis e os departamentos de sistema prisional. Imaginando a crise das crises, parto da premissa que a extrema-direita só arriscaria um golpe se tivesse uma certeza da cadeia de lealdades das PMs, cujos coronéis se subordinariam aos comandos golpistas e prenderiam os governadores estaduais. Os poderes seriam cercados como no golpe de Yeltsin contra o parlamento russo, em janeiro de 1994. Tanques e tropas de combate cercariam os palácios dos poderes federais e estaduais, incluindo os Tribunais de Justiça dos estados. Ao mesmo tempo, não daria conta comunicar aos seguidores da extrema direita apenas através das redes sociais.
No campo da comunicação social, não basta tuitar desesperadamente. Necessariamente precisariam tomar os estúdios da Globo e afiliadas, ao menos das maiores, incluindo as instalações da emissora líder no Rio, São Paulo e Belo Horizonte. Simultaneamente, seria necessário uma aliança com conglomerados midiáticos à disposição, como um pool de redes de fariseus e daqueles que “topam tudo por dinheiro”. Imediatamente, algum sentido de ordem deveria ser imposto, silenciando as oposições institucionais e reprimindo com vontade os focos de resistência popular. Quase sempre isso não dá certo se não tiver um apoio da população disposta a se mobilizar pelos golpistas. Jango tinha mais de 70% de apoio em todas as classes, mas a direita golpista era barulhenta e contava com todo o vento a favor nas frações organizadas das classes dominantes. O risco de “quebra da hierarquia militar”, com a sindicalização de soldados, cabos, sargentos e suboficiais motivou a adesão de comandos de tropas ao putsch de 1º de abril de 1964. Agora seria tudo ao contrário.
Entendo que o período imediatamente posterior a essa aventura tresloucada dos galinhas verdes, pintinhos amarelos, fascistoides de pijama e outras aberrações seria de muita repressão, mas também abundando o caos e o desgoverno. Se a baderna militar começar, o seu final é o imponderável absoluto, mas, necessariamente, passam pelo controle sobre os governos estaduais, o poder judiciário nos estados e o mesmo em nível federal. Também implica em subalternizar as polícias judiciárias, a saber, as Polícias Civis estaduais e a toda poderosa Polícia Federal.
Seria possível centralizar os poderes da república em torno do Poder Executivo federal e, ao mesmo tempo, subalternizar os governos subnacionais de estados e capitais ao menos? Possivelmente não, mas isso não significa que seja absolutamente inviável e, menos ainda, que os decrépitos herdeiros de Sylvio Frotta, João Paulo Burnier e Carlos Penna Botto não tentem e quiçá, desgraçadamente, venham a ser temporariamente bem sucedidos.
Alguma conclusão
Não sei se um movimento como esse pode ser bem sucedido nas manobras táticas, nem qual seria o objetivo estratégico tipo “segurança nacional e desenvolvimento”, nas versões mais ponderadas de Golbery do Couto e Silva, ou do suposto “potenciômetro” de Carlos de Meira Mattos. A soma caricata e ridícula de extrema direita com entreguismo, o protofascismo com mentalidade “marielita miamera”, e “Zeus, Patrão e Familícia”, com as festas de arromba do chuveiro dourado, não traz meta alguma de longo prazo, a não ser o desmonte das capacidades e recursos de nosso país.
Como disse o finado ditador Ernesto Geisel, “golpe é coisa muito séria”. Golpe teve em 1945, 1954, tentativa em 1955, 1957, 1959, vitória dos golpistas com a emenda parlamentarista em 1961, golpe de tomada do poder em 1964, golpe dentro do golpe em 1967 – com a Constituição autoritária e a posse de um marechal sucedendo a outro - e depois outro golpe dentro do golpe, em 13 de dezembro de 1968, com o AI-5. Mas, tomada do poder do Estado, pelo menos até onde sei, se deu no 1º de abril de 1964, um mês depois quando foi estabelecido o SNI como cabeça de um Sistema de vigilância. Aí havia um controle de acesso aos postos dentro do aparelho de Estado, ou seja, a tomada de controle e censura por dentro do Estado, uma sanfona que poderia esticar ou apertar.
Por mais que haja controle ou alguma verticalidade dentro da caserna com roupas civis ocupando milhares de postos no desgoverno Bolsonaro, a situação está muito, mas muito distante do tipo de conspiração que a literatura da ciência política e da história recente exaustivamente nos demonstra. Só não vejo como um gesto responsável ignorar completamente as bravatas e não supor - por algum mecanismo de negação – que uma parcela dessas falas não tenha alguma capacidade de serem materializadas. E mais: se as falas ameaçadoras são de autoridades constituídas, a ideia “fantasiosa” se esgota e acaba como uma projeção de possibilidades, com baixa proporção de ser realizada.
Por fim, peço, sugiro e suplico para que todas e todos que militem mais à esquerda tomem esse texto como uma projeção de um futuro possível, e que se organizem a partir daquilo que já está constituído. Temos um tecido social profundo e cada vez mais auto organizado, que jamais permitirá que o regime seja fechado para privilégios da extrema direita e uma escalada ainda mais repressiva. Sem bravatas e com os dois pés no chão: os povos dos Brasis conseguirão resistir a esse intento – caso ocorra – e avançarão nos direitos sociais, coletivos, individuais, difusos e de avançada, no rumo de uma democracia participativa, plena de direitos e com justiça social e reparadora.

Bruno Lima Rocha é pós-doutorando em economia política, doutor em ciência política e professor universitário nos cursos de Relações Internacionais, Jornalismo e Direito. Editor dos canais do “Estratégia & Análise, a análise política para a esquerda mais à esquerda”.
Contato: blimarocha@gmail.com | facebook.com/blimarocha
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brazil/guyana/suriname/fguiana / a esquerda / opinião / análise Monday June 15, 2020 08:15 byBrunoLR

Por Bruno Lima Rocha – 14 de junho de 2020
Ao longo das últimas duas semanas venho promovendo na coluna que produzo para algumas emissoras livres e comunitárias um debate direto e tranquilo. Trata-se de aderir ou não (fisicamente) aos atos antifascistas e antirracistas. Também abordo o tema da unidade possível e do leque de alianças desejável. Não me refiro em momento algum a quem está preocupado com a pandemia e como todas e todos nós, entendemos que a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o isolamento social está correta. Se a preocupação maior for a de evitar a propagação do contágio por aglomeração e contato físico, não há sombra de dúvida que é uma posição sólida e honesta intelectualmente. Tampouco na crítica, jamais me refiro a individualidades e sempre a lideranças consolidadas, com cargos eletivos ou postos de direção em partidos e movimentos. Também fica a crítica para as celebridades e subcelebridades, acadêmicas, artísticas ou esportivas que, sem compromisso político, aproveitam momentos de organização social para se promover.

Por Bruno Lima Rocha – 14 de junho de 2020
Ao longo das últimas duas semanas venho promovendo na coluna que produzo para algumas emissoras livres e comunitárias um debate direto e tranquilo. Trata-se de aderir ou não (fisicamente) aos atos antifascistas e antirracistas. Também abordo o tema da unidade possível e do leque de alianças desejável. Não me refiro em momento algum a quem está preocupado com a pandemia e como todas e todos nós, entendemos que a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o isolamento social está correta. Se a preocupação maior for a de evitar a propagação do contágio por aglomeração e contato físico, não há sombra de dúvida que é uma posição sólida e honesta intelectualmente. Tampouco na crítica, jamais me refiro a individualidades e sempre a lideranças consolidadas, com cargos eletivos ou postos de direção em partidos e movimentos. Também fica a crítica para as celebridades e subcelebridades, acadêmicas, artísticas ou esportivas que, sem compromisso político, aproveitam momentos de organização social para se promover.
O tema é de fundo. Cada vez que se proclama unidade e, em especial, da centro-esquerda para a esquerda eleitoral e para com as esquerdas ainda mais à esquerda, muitas das vezes a luta é por hegemonismo e não por unidade. Porque unidade tática implica em divisão de tarefas e em aceitar os limites de cada ato. Por exemplo: se o acordo único de três setores é ficar no protesto estacionário em uma praça, e o acordo de dois setores é uma marcha e, após o ato, um terceiro grupo quer seguir, se trata de uma unidade tática, faz parte da luta política. Algo semelhante ocorre na marcação de posições, estética dos atos, tipos de fala e discurso e, algo ainda meio fora de moda na centro-esquerda, a necessária consequência para segurar as palavras de ordem no mundo físico.
A unidade programática vai sendo construída e a melhor forma de estragar tudo, de deixar todas e todos desconfiando de quase tudo é a busca por "faturar em cima de algo", de modo particular. Delegações que nunca existiram, intérpretes de internet sem legitimação daqueles e daquelas a quem se diz interpretar e a sempre perigosa taxonomia pós-fato. Explico e exemplifico: a análise do Marx, da Comuna de Paris, onde ele não tinha correligionário algum - ou quase nenhum - e jamais incidiu através do SPD alemão (Partido Social Democrata Alemão), que por sinal invadia Paris junto aos soldados do governo traidor de Versailles. Não se trata de análise, mas sim de pura propaganda, o mesmo que se fez no Brasil com 2013, “chutometria” ampla geral e irrestrita, teses absurdas de quem ouviu falar de umas ideais estapafúrdias de Manuel Castells (ainda quando ele era entusiasta da internet) e sai reproduzindo colonizadamente em nosso país tropical. É a sina dos imitadores. Temas da moda, sem base social e, no campo da pesquisa sociológica, sem pesquisa de campo. Trata-se de interpretação de conveniência. Logo, vai ao encontro das versões da moda ou hegemônicas. Parece que 2013 é agora, embora com maior abrangência.
Ocorre, no Brasil de 2020, tudo de novo: gente que não conhece o que está sendo organizado no país, desconsidera o esforço gigantesco de pessoas da esquerda dentro das torcidas organizadas, de modo a transformar uma ala inteira em antifascista. Daí, diante do poder de alguma trajetória cumprida e do poder imbuído pelo sofá da sala, “intelectuais de butique” declamam: "eu não conheço, logo, morro de medo". Briosos "social-democratas" vomitando regra da janela e desfazendo de tudo o que corre à margem de sua capacidade de interpretação, já que inserção social essa gente já quase não tem mesmo.
Enfim, com oportunismo não sai unidade alguma, assim como presepada e molecagem em matérias sensacionalistas. Dá problema igual, já que a cultura política está tristemente marcada por individualismos e não por gente com alguma capacidade de produção intelectual se colocando a serviço de causas coletivas. Trata-se de servir à luta do povo e não delas ir se servindo para auto-promoção. Nestes quinze anos de produção semanal ou diária na internet brasileira, venho tendo a sorte e também o cuidado de saber que a imensa maioria de quem me atura aqui está no primeiro bloco, dedicando suas vidas e voltando parcelas importantes de seu cotidiano a pensar e projetar a realização coletiva e a justiça social.
É assim mesmo, com alteridade, pisando na humildade, que a gente pode estar ao lado e a serviço das causas coletivas e não ao contrário. O mesmo se dá no processo político. Felizmente venho de uma tradição que quem propõe encaminha, onde as responsabilidades se distribuem (tarefa de todos, sem atribuição é tarefa de ninguém e não se cumpre) e as delegações acontecem e são cobradas. De onde venho, acordo se cumpre, é uma tradição em que ninguém se auto-elege, mas sim briga, no bom sentido, para estar à frente e se doar. Não tem outra forma.
Espantar os oportunistas é tarefa coletiva e traçar a unidade é através do convívio em luta e do bom debate, fraterno e sem ironia ou pilhéria. O inverso também é verdadeiro. Sinto que é uma pena ter de debater isso em pleno junho da pandemia, em 2020. Mas, se isso nos cabe, não resta outra posição a não ser assumir o bom combate.

Paradoxos dos intelectuais do século XXI
Intelectual orgânico é orgânico de alguma entidade, partido, movimento, instituição coletiva, enfim, está vinculado a alguma força política e social, compartilhando espaços e instâncias. Do contrário é um paradoxo. A pessoa quer ser orgânica, mas não se organiza e quer dar linha sem se submeter à decisão coletiva. Perdoem-me a escatologia, mas isso é querer defecar regra ao falar ou digitar.
Não se trata, em absoluto, de subordinar a produção analítica a alguma linha política a priori. Análise é coisa séria e não pode ter travas, censura ou qualquer tipo de constrangimento. Mas linha não é isso. Linha é coletiva, implica no compromisso de muita gente e ficar determinando na internet "faz isso ou faz aquilo" quase sempre acaba substituindo ou querendo substituir a decisão coletiva, como se fosse possível ter uma ação do coletivo sem coletividade.
Modestamente, quero fazer um pequeno aporte. A análise do inimigo é liberada, assim como de forças concorrentes. O que pode mudar é o tipo de publicidade que o texto ou a fala podem ter. Daí a recomendar o que deve ser feito é tarefa da instância devida, legitimamente eleita e sob o controle coletivo.

Personagens da internet e compromisso político
Sinceramente, entendo que esta versão é a mais absurda de todas. Porque se for o tema do humor jornalístico – como o repórter interpretado por Marcelo Tas, o inesquecível Ernesto Varela, pegando no pé da ditadura decadente e da cartolagem – aí é compreensível. Se for o humor político, de grande tradição no Brasil, melhor ainda. Mas nenhuma destas duas versões do humor tem o peso de grandes “influenciadores” que tiram linha política da cabeça, coordenam comportamento de manada na rede e transformam episódios da vida privada em passagens “relevantes do empoderamento pessoal”. Assim fica difícil.
Muitas vezes, a linha está acertada e manifesta coerência ao menos com as bases teóricas e até epistemológicas anunciadas. Noutras, nem isso. Mas o efeito é sempre o mesmo. Quando há individualismo, uma espécie de culto da personalidade cibernética, quem gera o culto é o/a totem falante e sua claque. Nesta esteira outras e outros se somam, operando com as ferramentas dos algoritmos, como tuitaços, postagens em massa e, se tiver acesso a recursos de fundo partidário, o emprego de robôs. Evidente que faço a crítica dos personagens que estão “à esquerda” a partir do centro e, ainda assim, há diferença entre quem opera a serviço de uma força política – que lhe dá voo livre contanto que as besteiras acumulem para seu partido de alguma forma – e quem se esforça para gerar análise e opinião, estando com vínculos ou não.
Não tem nada de hipócrita nesta fala, já que em tese, este que escreve está na segunda modalidade, embora com vínculos explícitos a uma força política da ponta esquerda não eleitoral. Se aqueles e aquelas que me leem, ouvem as colunas de áudio e assistem aos programas e palestras deixarem de acessar porque precisam se dedicar integralmente à luta organizada, à inserção social e à organização de base e à construção orgânica, logo, esse que fala e escreve sem parar terá atingido seu objetivo. Trata-se de trabalho analítico no apoio militante e não na substituição da militância.
O mesmo se dá na exigência de ser coerente com programa e história. Não tem o menor cabimento forças políticas que se dizem “disciplinadas e centralizadas” liberarem seus papagaios falantes a dizer qualquer coisa só para ganhar audiência. É óbvio que essa é uma manobra hipócrita - mais uma que vamos aturando e enfrentando desde a 1ª Internacional – na cabeça de que vale quase tudo para manter a disputa fratricida dentro da esquerda. É economia de preguiçoso.
“Mais fácil” tirar militância já (de) formada do que organizar do zero. “Mais fácil” reforçar o culto da personalidade, do que insistir em comportamento coletivista, mesmo em tempos de tamanho capitalismo, cada vez mais individualista. “Mais fácil” imaginarem adular o “camarada Xi Jinping”, assistindo concorridos espetáculos de falatório, do que admitir que a China opera com um modelo próprio de imposição de vontades e canalização de excedentes de poder. “Mais fácil” delirar com o czar Vladimir Putin, estando à frente do aparelho de segurança que tem tradição czarista, ainda com a Okhrana, e fingir que não estão numa relação no mínimo cúmplice com o neofascismo auto-apelidado de NR e outras excrescências. Parece que a hipocrisia que deu base para o Pacto Infame Nazi-Soviético, o Acordo de não agressão entre a Alemanha nazista e a URSS com o czar vermelho Joseph Stálin, conhecido como Ribentropp-Molotov, segue viva e proliferando em metástase.

Separar os papéis e apoiar a militância social concreta
Sei que um texto como esse pode soar até sectário em plena luta contra o protofascismo da pandemia. Mas é nesses momentos mais críticos que as linhas políticas têm mais dificuldade em se revelar, saindo do senso comum e das armadilhas do “não resta muita alternativa”. Citando o bruxo da ditadura, Golbery do Couto e Silva: “se analisa para incidir sobre as realidades”. Golbery é nosso inimigo histórico e, por isso, devemos conhecê-lo, assim como Meira Mattos e demais facínoras intelectuais da ditadura. Isso é diferente do encantamento que se tem com o jogo político entre as elites consolidadas e à adesão quase imediata às posições de mal menor no curtíssimo prazo.
Na política, sempre é preferível ser equivocado a omisso. Também é importante não cair em reboquismo do tipo “manda brasa presidente”, como no pré-64 (e o Jango deu no pé sem autorizar a resistência). O momento é de acumular socialmente e desgastar a extrema direita politicamente. Creio que essa posição é próxima do acordo mínimo. No mais, muito está por construir e por reconstruir. Como dizem as companheiras e companheiros com trajetória ilibada e décadas a serviço da luta do povo através das pastorais sociais – “não ser nem água nem caneca, estar no meio e a serviço”. O povo brasileiro, os povos dos Brasis de Palmares e Pindorama têm uma oportunidade histórica de avançar dentro das maiores dificuldades de nossa história recente. Que sirva a máxima de Sepé Tiarajú (1723-1756) e que nada nem ninguém se sirva da luta coletiva e sim a ela se dedique, da melhor forma possível. Porque como nos ensina a combativa economia política crítica, o todo é sempre maior do que a soma das partes.

Bruno Lima Rocha é pós-doutorando em economia política, doutor em ciência política e professor universitário nos cursos de relações internacionais, jornalismo e direito; editor dos canais do Estratégia & Análise, a análise política para a esquerda mais à esquerda.
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brazil/guyana/suriname/fguiana / miscellaneous / non-anarchist press Wednesday May 20, 2020 23:31 byRóbert Nárai

Jeffery R. Webber teaches in the Department of Politics at York University, Toronto. His latest book is The Last Day of Oppression, and the First Day of the Same: The Politics and Economics of the New Latin American Left. He is presently at work on Latin American Crucible: Politics and Power in the New Era, under contract with Verso. He was interviewed for Marxist Left Review by Róbert Nárai.

Róbert Nárai (RN): Let’s start at an epidemiological level. How has the virus impacted the region so far?

Jeffery R. Webber (JW): In terms of the sheer number of cases and fatalities, all existing official numbers provided by states in the region are highly dubious. But you still have some discernible trends. In the future, the most reliable data – as elsewhere – will be the distinction between average death rates over the last several years and death rates during the pandemic period. Such death-rate analysis is particularly revealing both because these figures are more difficult for states to conceal or fudge, and because it captures deaths both from COVID-19 and those excess indirect deaths caused by people with other ailments who were not able to access necessary medical attention due to saturated capacity in the health system.

The full extent of this information will only be known fully some distance into the future, and perhaps never fully in the most under-resourced states. Nonetheless, there are already some initial studies focused on this kind of death rate comparison of select cities in the region, and the results are alarming; the high numbers also stand in stark contrast to the lack of attention paid to the Latin America scenario by the dominant international media compared to the coverage of Europe and North America.

As of May 11, according to data provided by the Pan American Health Organization (PAHO), there were 1.74 million reported cases of COVID-19 in Latin America and the Caribbean, and in excess of 104,000 reported deaths from the virus. The rate of spread is also increasing decisively. Whereas it took three months for Latin America and the Caribbean to reach one million cases, it took fewer than three weeks to roughly double that number. Last week alone there were some 20,000 additional reported deaths in the region, which represented a 23 per cent spike over the previous week’s numbers.

As of today (May 15), we know that the incidence of the virus in Brazil is escalating the most rapidly of any country in Latin America and the Caribbean, alongside severe scenarios in Peru, Ecuador and Mexico. Brazil has the highest level of COVID-19 cases and deaths across all indicators in the region. There were 203,165 confirmed cases and the official tally of deaths by the virus in the country was 13,999, but this is surely a dramatic underestimate. The healthcare system in Rio de Janeiro, for example, is completely overrun, as it is in a number of major cities elsewhere in Latin America and the Caribbean. Big cities throughout the Amazon have been hit punishingly, and the Brazilian Amazon is no exception. A mortality study carried out by the New York Times, for example, showed that the Amazonian city of Manaus, which has a population of 2 million, recorded 2,800 deaths in April alone, which is about three times its historical average of deaths for that month.

Peru has the second highest number of confirmed cases in the region after Brazil at 80,604, with 2,267 deaths, followed by Mexico with 42,595 and 4,477 confirmed cases and deaths, respectively. Chile’s official number of reported cases is also high, in excess of 37,000, with almost two-thirds in the capital, Santiago. Reported deaths are still below 400, but these are the official counts of the state – not comparative mortality rates based on the historical average, as in the Manaus example – and as we know from earlier official reporting in Europe and the United States, the real mortality figures lag well behind the day-to-day death notifications in the media, which are invariably revised substantially upwards at a later date. In terms of health infrastructure and the wider socio-economic backdrop of society, of course, it is of significance that Chile is one of the richer countries in the region, even though access to that infrastructure is intensely uneven. So even with high numbers, the death rate as a proportion of cases is likely to be lower.

Ecuador, by contrast, has been severely hit in terms of mortality rate (2,338 confirmed dead), even though the absolute number of reported cases is relatively lower than in Chile, at 30,500. A Financial Times investigation revealed that in the province of Guayas alone (the province contains the major coastal city and coronavirus hotspot of Guayaquil), there were 11,500 excess deaths, or 459 per cent higher than historically average mortality rates in the province, between the outset of the pandemic in Ecuador at the close of February and April 28, the last day of data analysed. This is instantaneously revealing of a feature of the present conjuncture that we’ll get into more – that is, this is not merely a natural crisis; rather, the uneven scale and depth of the impact has everything to do with the social conditions operative in specific locations. Thus, Ecuador is in no position relative to Chile to deal with what’s happening at the infrastructural level of its health system.

Patterns elsewhere are indicative of exceptionality. For example, Argentina, which neighbours both Brazil and Chile, has a distinctively lower rate of transmission (7,134 confirmed cases), death rate (353), and so on. It also has witnessed a notably more extensive response from the state that helps to explain this discrepancy – early, state-enforced social isolation even when there were few cases. Already there is pressure from capital to open up the country’s economy at whatever cost to lives. President Alberto Fernández – a figure who emerged from the more conservative wing of Peronism, but who was drawn somewhat to the centre-left given the fact that he owed his presidential candidacy entirely to his vice-presidential co-runner, former president Cristina Fernández de Kirchner – is taking a stance quite distinct from the far-right government of Jair Bolsonaro in Brazil and, in other ways, from the conservative government of Sebastián Piñera in Chile and the centre-right administration of Martín Vizcarra in Peru. This could have important political repercussions coming out of the first phase of this crisis.

At a first bird’s eye glance, those are some of the places that are intensifying – Brazil, Peru, Mexico, Ecuador, Chile – with Argentina as a contrast study. If, and more likely when, the virus hits Central America and the Caribbean in a more concerted way the results are likely to be devastating. Countries such as Honduras, Haiti, Guatemala, and Nicaragua are very poorly positioned in terms of infrastructure to cope with a wide-scale unleashing of the virus, and this is even before we consider the interacting premise of an unsurpassed global depression. If it takes hold in these areas in a significant way the disaster could be monumental.

In Venezuela, where the official indications are that the case (455) and death-rates of COVID-19 are remarkably low (10), we don’t yet have an accurate picture of how severe the problem is, but as in the Central American and Caribbean cases just mentioned, the health system is monumentally ill-equipped to handle any significant outbreak – problems of a dearth of basic medical supplies, ventilators, personal protective equipment, reliable electricity, and so on are self-evident, exacerbated by prolonged economic depression and US sanctions.

There is also the issue of the vulnerability of the over 5 million Venezuelan migrants who have left the country since 2015 – Venezuela is now in the highest position in the world in terms of outward migration, overtaking Syria recently. More than 1.8 million of the total number of Venezuelan migrants are presently in Colombia. They are now in desperate straits because they are not eligible for emergency resources from the Colombian state, and the viability of the sort of petty informal labour and commerce many of them were engaged in until recently has been all but eliminated.

So there’s a real trauma there, and some are attempting to return home by foot, although whether what awaits them there is actually superior to their present circumstances is questionable. Even if it’s true that the rate of infection is low so far in Venezuela, the infrastructural degradation of the social functions of the Venezuelan state after successive years of extremely intense socio-economic crisis, combined with the morally destitute sanctions imposed by United States, means that Venezuela could easily become one of the worst affected countries in the region if conditions change. In host countries further south, due to border closures and lack of transport, Venezuelan migrants facing similar straits as those in Colombia – in Peru, Chile, and elsewhere – are more or less stuck where they are for the time being.

I think we are in very early days, but that’s part of the basic regional pattern visible so far.

RN: So the pattern so far is uneven. Could you elaborate on the underlying dynamics that explain that unevenness? For example, the health of the public infrastructure across states, the condition of the working classes and oppressed, and so on?

JW: It is very clear that even prior to the onset of COVID-19 the social situation in much of Latin America and the Caribbean had deteriorated gravely since at least 2013, and many of the modest but important improvements in poverty rates and income inequality achieved during the era of progressive governments and capitalist dynamism driven by a global commodity boom (2003-2012) had already been significantly reversed.

The pandemic will exacerbate these conditions sharply. This week, the United Nations Economic Commission for Latin America and the Caribbean (ECLAC) published a projection of expected poverty increases in 2020, based on their conservative calculation of what constitutes poverty. The report suggests that there will be 28.7 million more poor people, and 15.9 million additional extremely poor people in the region by the end of this year. Added to the existing numbers of impoverished and extremely impoverished people, the total projected figure of poor people by the end of 2020 is 214.7 million, or 34.7 per cent of the region’s population, while there will be a total of 83.4 million extremely poor people should their conservative projections prove accurate.

Latin America has long been the most unequal region in the world, and it remained so even after the so-called Pink Tide experiments of left- and centre-left governance in the early part of this century. That inequality feeds directly into deeply stratified underlying health conditions and health access among the population.

Poor Latin Americans and Caribbeans are more vulnerable due to the higher prevalence in this layer of the population to existing conditions like lung or heart disease, diabetes, and general lack of access to sufficient medical attention. Likewise, class injustice is interlaced and intensified by the complex and specific oppressions of gender and sexuality, ethnicity and race, disability, homelessness, incarceration, and migration – all of these will mean disproportionate suffering by specific sectors of the population.

Speaking at a general regional level – and thus necessarily concealing a heterogeneous reality – health systems in Latin America and the Caribbean tend to lack both skilled medical professionals and medical supplies. There has long been an underinvestment in health by central governments, reaching an average aggregate regional level of only 2.2 per cent of Gross Domestic Product (GDP). Most countries of the region have fragile and unintegrated health systems, which have not and will not be able to cope properly with COVID-19 as the crisis expands and endures. In most countries public healthcare is only directed toward low-income sectors of the population, and thus is underfunded and inadequate. Formal sector workers are often able to access the health system through social security services attached to their employment. The rich and powerful rely on private healthcare, whether in their home countries or abroad. Again, with variation, health systems in the region tend to be unequal in terms of access and quality.

The region’s medical supplies and inputs are heavily dependent on global health supply chains that are breaking down logistically and politically at the moment, and most states in the region cannot compete with the bulk-buying power of imperial states in the world system, which are able to monopolise purchases of tests and personal protective equipment, among other supplies and equipment. Hospital beds and ventilators per capita are in most countries remotely distant from what is necessary even in normal times.

To make matters still worse, several health systems in the region were already coping – or better, failing to cope – with an outbreak of more than three million cases of Dengue virus in 2019 – over 2.2 million cases in Brazil.

A partial exception to these trends is the Cuban example. As is well known, one of the major enduring successes of the revolution is the island’s healthcare system, which has an unusually high number of doctors per capita, and a history of well-coordinated preventative care arrangements. Early regulation on incoming flights from abroad, strict controls of mandatory physical isolation, extensive medical surveys and widespread check-ups on households by medical students, among other measures, have translated into weeks of declining new cases and a low death rate. The respective number of confirmed cases and deaths as of May 15 is 1,830 and 79. Continuing its history of international medical solidarity, Cuba has dispatched more than 2,000 doctors and healthcare workers to more than 20 countries, adding to the existing 37,000 Cuban medical personnel stationed in 67 countries around the globe. I say Cuba remains a partial exception despite these impressive details mainly because the internal economic contradictions in the country are severe, and the socio-economic fallout of declining remittances from the Cuban diaspora and a prolonged slump in tourism will likely have a serious impact on overarching conditions, even if the health system remains highly functional. The US sanctions regime persists, and could escalate in the lead-up to the American November elections.

RN: So on the one hand, the pandemic is lighting up the vast class disparities that exist in terms of public health and livelihoods. On the other hand, the pandemic is entering a region that has been wracked by a series of pre-existing crises – economic, political, social and ecological – as well as one of the largest waves of popular rebellions we’ve seen for quite some time. How is the pandemic interacting with and exacerbating these pre-existing crises across the region?

JW: I think the most important element to highlight at the outset is that many of Latin America’s major economies – Venezuela, Brazil, Argentina, in many respects Mexico as well – alongside many of its smaller economies, were already experiencing severe recessionary trends or low growth for the past several years. So there was a pre-existing economic crisis or recession in much of the region that was itself a kind of delayed reverberation of the 2008 crisis into Latin America.

That delayed reverberation was important in at least two respects. First, it was still mainly centre-left and left governments in office when the crisis started to really take hold in South America around 2012 and into 2013. And, second, to make a long story short, the centre-left and left governments which were in power shifted rightward by and large, implementing overt or disguised measures of austerity in response to the crisis, losing in the process significant swathes of their popular social bases while simultaneously failing in their bid to project “credibility” to capital. As a result they have been significantly weakened in political terms by that crisis, opening up opportunities for both extra-parliamentary and parliamentary forces of the right, including military expressions of the new right – depending on which country we are talking about. The right won elections in country after country, and where it couldn’t win electorally it took power through a revival of hard coups (as in Honduras 2009), soft coups (as in Brazil 2016) or some mixture of the two (Bolivia 2019).

This was all pre-pandemic. So the pandemic is arriving in a situation in which you have three dynamics going on at once: newly formed right-wing governments in many countries; weakened and rightward-moving left governments where they remain; and, the main source of hope, new extra-parliamentary social movements – reaching semi-insurrectionary levels in places like Chile – especially in countries where the right is in power. This new protest wave, including the popular explosions in Ecuador, Colombia and Puerto Rico in 2019 (as part of an international uplift in radical protest that year), but also elsewhere in the region on a less visible scale, was rarely connected or well-integrated into any traditional left formations, especially given the relative delegitimation of centre-left and left parties from their recent time in office in a number of cases. At the centre of the protest wave in many locales has been a resurgent popular feminism, with an intensity and depth perhaps without historical precedence in the region, and ecologically-based struggles.

These, then, were three of the prominent pre-pandemic political dynamics. It should be stressed that the new right governments in office were very far away from enjoying some sort of new hegemony, in the sense of replacing the old centre-left hegemony achieved at the height of the commodity boom. They were generally having difficulties governing, with very low rates of approval. In part, this is because they were unable to generate a kind of renewal of capitalist dynamism, a way out of the economic crisis – dependent as this has been in the region on the restoration of life in the world market. So as the viral pandemic arrives it is interacting with some of these basic political-economic scenarios.

Then you need to relate this to the basic crisis of capitalism on a global scale – insofar as the recent, robust rate of growth in Latin America between 2003 and 2011 was massively dependent on external dynamics – overwhelmingly, China’s rapid industrialization, high commodity prices, and so on. The latest projections of the International Monetary Fund suggest –3 per cent global growth in 2020, which is a six percentage point contraction from the 2.9 per cent growth rate of the global economy in 2019. The World Bank is predicting a fall of world trade of between 13 and 32 per cent this year. According to the United Nations Conference on Global Trade and Development (UNCTAD), the value of global trade has already fallen by 3 per cent in the first quarter of 2020, with an estimated quarter-on-quarter decline of 27 per cent in the second quarter. Commodity prices, meanwhile, plunged by a record 20 per cent in March, led by the collapse of oil prices.

These economic phenomena on a world scale will find particular transmission routes into Latin America – fall in export prices for both primary commodities and manufactured goods (the region’s economy has become increasingly dependent on export earnings since the transition to neoliberalism in the 1980s, a subordinate incorporation into the international division of labour intensified rather than reversed under Pink Tide rule); declining terms of trade for the region; collapse of remittances from migrant labour; capital flight (both the withdrawal of foreign capital into safer assets as well as the capital flight of domestic Latin American capitalists as they, too, shift their fortunes even more than usual into foreign banks and off-shore tax-havens); breakdown of global value chains for those countries most heavily involved in manufacturing (Brazil and Mexico, especially); and a collapse in tourism (Caribbean small island states to be particularly brutalized by this factor, although its effects will be widely felt throughout Latin America and the Caribbean). ECLAC envisions an extraordinary contraction in 2020, with a –5.2 per cent aggregate growth rate, which is well below projected rhythms in Africa, South Asia, or the Middle East.

This is a crisis of unprecedented scale and complexity, a truly global depression – the Eurozone, China, and the United States are all in turmoil. A global recession was already in motion prior to COVID-19, rooted among other things in problems of massive corporate, household and government debt, facilitated by quantitative easing, i.e. cheap money, alongside low rates of profitability, little investment, escalating inequality as cheap money flowed into speculative financial investment schemes, and so on. The viral pandemic has made this underlying economic trajectory monstrously worse.

At the heart of all of this is the monumental question of debt. On the one hand, there is the issue of debt weighing down centres of global accumulation such as the United States and China (a product of their response to the 2008 crisis), which, quite apart from all the unknowns that persist with regard to COVID-19, calls into question the viability of any massive counter-cyclical intervention reanimating these economies and in turn providing an engine source for the world market, as China briefly managed to do following the 2008 meltdown. On the other hand, as Adam Hanieh has demonstrated so effectively, there is the problem of the extraordinary indebtedness of countries in much of the Global South – and not just the poorest ones – which is inhibiting their ability to meet the public spending challenges necessary for any effective response to COVID-19. Even before the latest world conjuncture, two years ago, in 2018, 46 countries devoted more government spending to servicing public debts than they did on their healthcare systems as a proportion of GDP.

In Latin America, the 1980s and 1990s witnessed a surge in the influence of the World Bank, IMF, and Inter-American Development Bank. As key institutional vectors of imperialism they made access to lines of credit conditional on neoliberal structural adjustment programs. During the height of the Pink Tide era and the associated commodity boom these institutions receded dramatically from the regional picture. As the global crisis of 2008 made its entry into South America by 2012-2013, however, these institutions followed in its wake.

Before the pandemic, both Argentina and Ecuador had already entered into agreements with the IMF and both were struggling to repay their debts. Ecuador and Venezuela were also massively indebted to China – today, China is the world’s biggest public creditor to the Global South through its Belt and Road Initiative, and, along with all the other imperial debt collectors, it is now calling for repayment from the impoverished states of sub-Saharan Africa and Latin America to which it loaned hundreds of billions of dollars.

So-called emerging markets as a whole owe $171-trillion in debt to a multitude of creditors. Debt restructuring will have to occur, but as the Financial Times has pointed out, it is ever trickier to coordinate primary creditors to allow for a haircut on debt repayments given that, unlike in the 1980s and 1990s when creditors were mainly banks and governments, dominant creditors today are an assortment of bond funds, the managers of which are signalling that they are ready to settle into long-term international legal disputes with recalcitrant governments and put a sustained squeeze on even the most hard-hit countries to extract payments for their investors.

All of this means that, already in crisis, Latin American states are now in situations of extreme vulnerability, although the specific channels through which the global crisis is making its way into Latin America varies according to country and sub-region.

To make matters worse, alongside the economic crisis, there are the ongoing ecological contradictions of extractive capitalism. As Robert Wallace and others have pointed out, structural transformations in extractive sectors such as agro-industry worldwide – and associated patterns of planetary hyper-deforestation – are deeply associated with the origins of COVID-19 and potential future viral threats of a similar variety. It is no coincidence that within the dynamics of world capitalism, some of Latin America’s most potent social struggles and conflicts between the reproduction of life and ecosystems, on one side, and the interests of capital, on the other, in recent years have been rooted in those sectors that express the particular regional manifestations of the rise of extractive capital globally – agro-industrial mono-cropping, oil and natural gas extraction and mining mineral extraction. Such battlegrounds are in today’s altered world assuming novel dimensions, given what we know about the political-economic and ecological origins of COVID-19, and specifically its connection to agro-industrial food production, rural displacement, deforestation, and subsequent flow through global value chains, logistics processes, and so on.

So there’s that crisis, the crisis of ecology. And then there’s the crisis of social reproduction, with social reproduction understood in the broadest sense of the best new Marxist feminist analyses, as all activities extending through the realms of paid and unpaid gendered labour involved in the generational reproduction of the working class. This can involve everything from the unpaid toil of raising children and feeding and clothing family members, to the waged work of a teacher providing education, or a healthcare worker providing care to the sick.

In Latin America and the Caribbean women are particularly affected by the aggravated pressure on health systems because they constitute 72.8 per cent of the total number of employees in the sector region-wide. In addition to assuming the front-line crisis work in the health system as the pandemic spreads, women are disproportionately burdened with the excess social reproductive labour involved in quarantine, such as the caring and home-schooling of children. Paid domestic workers, accounting for 11.4 per cent of women’s jobs in the region, tend to be disproportionately migrants, indigenous or Afro-descendant women. They lack access to social security and increasing levels of unemployment as employer families readjust their home budgets in the face of the crisis. As is the case internationally, in Latin America and the Caribbean instances of domestic violence against women and children are intensifying in contexts of quarantine and collapse of household finances.

The social-reproductive elements of the Latin American crises were visible long before the pandemic, and they were raised to the foreground of political life in recent years through what is arguably the biggest wave of popular feminism in Latin American history. The last five years have seen massive movements in Argentina and Chile, and important feminist currents in Mexico, Brazil and elsewhere. The popular feminist movement in Chile, for example, was the most important articulating factor of largest wave of rebellions in that country since the fights against Pinochet at the end of the 1980s. Latin American popular feminism today possesses an extraordinary vibrancy.

Unsurprisingly, alongside this uptick in praxis, there has been an accompanying theoretical effervescence on the Latin American left, pivoting on conceptualizing the dynamics of social reproduction, and the inherent conflicts between the reproduction of life and the reproduction of capital.

Of course, the insights of the ecological and feminist struggles, important as they were in recent years, are still more important in the present scenario facing the region, and indeed the rest of humanity. The fact that these movements were among the stronger popular forces of recent years is one of the positive factors that will play into the contending balance of forces between life and capital as we emerge from the first phase of the pandemic and disputes over the character of the “new normal” that will emerge to replace it. There are few moments in world history where the competition between the value of production for profit versus the reproduction of life has been so starkly posed.

So to recap a very complicated scenario: you have a viral crisis interacting with a crisis of capitalism at the global level and its specificity in Latin America; you have a crisis of ecology expressed in the intensification of extractive capitalism across all of these dimensions; and you have a crisis of social reproduction. All of this, of course, something we’ll get into, is related to political crises of all sorts. Heuristically, I’ve spoken of many distinct crises, but these are actually better thought of as constitutive parts of a unitary crisis.

RN: That seems like a good point to move onto the immediate political consequences so far. How have capitalist states been responding to this multidimensional crisis? Depending on who is in power and where, are there any early indicators so far as to how they are dealing with this crisis?

JW: Let’s start with Brazil as it is the most important expression of the far-right in office responding to this crisis, and is also the biggest economy in the region and the most powerful Latin American country geopolitically speaking. Brazil is also a kind of exemplary condensation of the kind of crises that predated the pandemic and that have been interacting with the pandemic.

In Brazil – as in the wider international alt-right ideological milieu of post-truth irrationalism – you already had a formal attack by the Bolsonaro regime on the legitimacy of scientific evidence and the pursuit of scientific truths per se. We witnessed this with regard to the question of climate change denialism – the fires in the Amazon last year were, according to Bolsonaro, a conspiracy conjured up by NGOs, and, contradictorily, even if they did exist, it was the NGOs that set them alight in the first place – and myriad other mythologies and alt-right conspiracies of this sort, and even more bizarre ones. This was accompanied by legislative attacks on funding for healthcare infrastructure and scientific institutions alike. All of this meant that a kind of hyper-irrationalism, at the centre of all far-right positions historically, has meant that the most culturally authoritarian section of the Bolsonaro government – which is only about a third of the actual composition of the government, but a very important one, including the president himself – has seized upon the COVID-19 conjuncture and declared the virus a petty cold, a mere sniffle, nothing to see here, continue as usual.

Bolsonaro himself is widely believed to have tested positive for the virus, although he denies this, and continues to greet crowds of right-wing evangelical supporters with handshakes and smiles, interspersed with coughing fits. Bolsonaro’s efforts from the executive to prevent people from physically distancing from one another, and the woefully inadequate economic measures the central government has taken in order to respond to the crisis, have meant persistent confrontation between the president and various state governments, including those of Rio de Janeiro and São Paulo, where governors attempted to institute some measures with the resources available to prevent an even greater catastrophe. Luiz Enrique Mandetta, Bolsonaro’s minister of health, refused to go along with the president’s absurdities and rooted himself in the scientific advice of epidemiologists. He was consequently dismissed from his position and replaced by yes-man Nelson Teich, a private healthcare capitalist with a degree in medicine and an MBA in business management. Bolsonaro’s wilful disregard for human life in the context of COVID-19 is on a par with Trump’s. The historian Forrest Hylton has rightly labelled Bolsonaro “Brazil’s Gravedigger-in-Chief.”

Immediate schisms began to emerge from within the Brazilian regime as a result of Bolsonaro’s cavalier disregard for the scale of what faced the country. To be sure, these schisms were already apparent in the Bolsonaro government in a more subterranean form prior to the pandemic, with the key fissures cutting through what I have called elsewhere a faction of cultural authoritarians pivoting around the figure of the president and his Rio-based familial dynasty, including his notorious sons; then a faction of militarists, pivoting around the vice-president, but also extending into all echelons of the state, from ministerial to lower technocratic and managerial positions in sub-ministries and public enterprises; and, finally, a faction of neoliberal technocrats, including the minister of the economy, Paulo Guedes, and, until very recently, the minister of justice, Sergio Moro. To repeat, these schisms were already present, with the government seemingly being held together over its first year by some sort of always fragile adhesive substance.

After several months of initial stasis in power, the Bolsonaro government managed to pass the thoroughgoing pension reforms masterminded by Guedes, the key Chicago-Boy finance minister. As a result, the markets began to come back on board with the government, after they had grown sceptical of Bolsonaro’s capacities over the initial months of the new government.

Now, however, in the midst of the pandemic scenario, the justice minister, Moro, has resigned, and called into question Bolsonaro’s legitimacy as president due to his interference with the federal police, who are investigating his sons for corruption and involvement in other crimes, crimes that extend all the way down to the militias involved in the assassination of Marielle Franco. The new intensity of this neoliberal technocratic-cultural authoritarian schism is very serious, and could eventually spell the end for Bolsonaro’s presidency.

Although I don’t think it’s obvious that he will be ousted from office – people have announced his immediate demise everyday since Moro resigned, a few weeks ago now. I don’t think it’s necessarily imminent, given that he retains 30 per cent support of the population, which has always been about what his core base was, and it really depends massively on what action the military decides to take. The military faction of the regime has always had an enigmatic relationship with the president, not always free of tension, despite the fact that Bolsonaro himself is an former army captain. What is key in the Brazilian situation is that Bolsonaro’s flagrant disregard for scientific evidence, and the dispute with his own minister of health and a series of state governors who tried to introduce some minimal measures to contain the spread of the virus, have jeopardized the lives of millions of Brazilians. I think the most important and disturbing thing about the crisis of Bolsonaro’s rule at present is that the fissures are not a product of pressure from below, and that therefore will not obviously benefit social movements and the left. The main dispute in Brazil today, which might end up undermining the president’s rule, is a schism between the centre-right and the far-right, neither of which have a particular allegiance to even the limited formalities of liberal democracy – which isn’t to say that they are the same as one another. An eventual fall of Bolsonaro from office would not give an obvious momentum to the left, even if it would be happily greeted, unless popular movements can somehow play a bigger role than they have in instigating his demise.

In Bolivia, the dictatorship that was set in place following the coup last October, which removed Evo Morales from office, has used the arrival of the pandemic to postpone scheduled elections that were already going to be highly questionable. So a consolidation of power, of sorts, has at least temporarily unfolded in the country under this far-right regime. The spread of the virus in Bolivia has so far been minimal, however, so it’s future destabilizing effects remain unpredictable.

In Chile, there are political tendencies and counter-tendencies, the precise momentum of which remain difficult to discern with any precision. On the one hand, Piñera’s regime has seemingly benefited in the short term, as the virus has provided cover for a suppression of the popular movements of recent months. His approval ratings have gone from a low of 9 per cent to 25 per cent, and the use of security forces in the streets to enforce mandatory physical distancing has been met with wide-scale approval – the same security forces that were so roundly discredited only weeks earlier.

On the other hand, the momentum of street politics and, in particular, the militant feminist wave is unlikely to simply disappear. Rather, it is set to play a decisive role in the battles over the new normal to come, once street politics is once again a reasonably safe pursuit. Karina Nohales, a militant involved in both the Committee for Workers and Unionists and the International Committee of the country’s most important umbrella feminist collective, the Coordinadora Feminista 8M, explained recently that, despite being locked down, activists have managed to launch a Feminist Organization of workers. It is envisioned as a space in which women and militant workers come together from the perspective of their labour, whether it be formal, informal, paid or unpaid. Nohales describes the initiative as seeking to unite, in this way, wide layers of Chilean non-unionised workers with existing trade union militants in a space where all can participate and contribute, realising in this way the potential power of Chilean workers which until now has remained fragmented. The uniting strategic horizon is the Feminist General Strike – precisely what will be needed in coming months and years.

In Ecuador, you have a situation in which Lenín Moreno already entered into an agreement with the International Monetary Fund, which involved austerity measures designed to hollow out public infrastructure and the social functions of the state, including healthcare. Austerity measures were at the heart of a popular rebellion in October 2019, which witnessed the rearticulation of a popular indigenous movement at the forefront of class struggle. In the context of the pandemic, the rightward trajectory of the Moreno regime is being further concretized, as he moves to renegotiate debt with creditors and renew agreements with the IMF. As in Chile, it is difficult to imagine the momentum of the rebellions of October 2019 being completely eclipsed by the present interregnum.

In Argentina, where Alberto Fernandez sits at the head of a centre-left administration, the government is thus far enjoying a boost in popularity, despite a catastrophic economic crisis in which debt negotiations are ongoing and a major sovereign debt default is foreseeable in the near future. As I suggested, Fernandez took early, concerted action to enforce physical distancing measures, which won popular approval and also favourable treatment in much of the media. It helps to have Bolsonaro as the standard against which one is measured. The right-wing opposition has been discredited, and basically has subordinated itself to Fernandez’s handling of the crisis. Mauricio Macri, leader of the preceding centre-right government, introduced a 23 per cent cut to the health budget, further undermining the country’s capacity to deal with the present crisis. Public health provision and the role of healthcare workers are being revalorized in the public consciousness in the midst of the crisis, laying the basis for future potential inroads against neoliberalism.

As Claudio Katz has explained, the pandemic managed to push the looming issue of debt repayment to the back burner, as public funding was immediately needed to service the viral crisis. Momentum has been behind a more confrontational stance with international creditors. At the same time, as elsewhere, Argentine social movements are crippled by their inability to assemble in the streets. There is a danger that the use of much-hated security forces to enforce mandatory physical distancing and isolation measures will be normalized post-pandemic, together with the extension of surveillance mechanisms. Illegitimate repressive measures taken by the security forces during the last couple of months have not been met with any reprisal from the Fernandez government. Alongside emergency cash-transfer measures that target informal workers and that seem to run against the logic of neoliberalism, Fernandez is at the same time making austerity moves, such as delinking unionised workers’ future salary increases from inflation increases. As is the case elsewhere, one also has to include in this measure of the conjuncture the increasing pressures from capital in Argentina on the government to fully reopen the economy, whatever the cost to lives.

RN: Could you say a bit more about what is taking place in Venezuela at the moment?

JW: Sure. There was another coup attempt against Nicolás Maduro. Until this latest fiasco, it would have been difficult to imagine a set of political events more farcical than that of Juan Guaidó’s debacle in April 2019. In that case, likewise an effort to overthrow Maduro, Guaidó was only capable of mobilizing a tiny faction of troops in the capital for a couple of hours, despite enjoying the full-throated support of the US and allied right-wing states all over Latin America. That earlier attempt revealed the limits of US imperial power in the region, given that it was obvious that they had played a decisive role in the coup plot. What the events of last April did not show was some kind of widespread popular backing of the Maduro administration or an indication of Maduro’s success in the mind of the Venezuelan populace. Maduro’s administration has been a disaster and has in my opinion no longer anything to do with the left. But obviously this has nothing to do with the question of opposition to imperialism as a matter of principle – it was a duty of all the international left to oppose the coup attempt by Juan Guaidó and the prospect of any potential US military involvement, or proxy involvement through Colombia.

The recent scenario involves some of these factors, but it is not obvious it enjoyed US backing, and whether or not that ultimately is shown to be the case, the whole endeavour was a complete and utter joke, hardly deserving of analysis. The usual instantaneous commentariat have compared it to the Bay of Pigs, but the events are not remotely comparable.

Effectively, Jordan Goudreau, a former US Green Beret, special forces veteran, who served tours of duty in Iraq and Afghanistan, and is now CEO of a Florida-based gun-for-hire mercenary enterprise called Silvercorp, coordinated the entire effort. The premise was to launch an attack on Venezuela by sea, seize an airport, kidnap Maduro, and fly him to the United States where he would face prosecution. Goudreau apparently ran training camps in anticipation of the assault on the Colombian Caribbean peninsula of La Guajira, adjacent to the Venezuelan border. The training camps were infiltrated from the start by Venezuelan government double agents, which accounts for the fact that, in the event, two boats were easily seized by Venezuelan troops, eight mercenaries were killed, and a couple of dozen Venezuelan accomplices were detained by the Venezuelan government, together with an American special forces operator from Texas named Luke Denman. It was over before it began.

RN: Let’s end with the question of popular movements. Apart from some very limited strikes among sections of workers, and some protests by medical professionals, there appear to be no discernible and sustained patterns of popular struggle, at least just yet. This is not to say that the basis isn’t being laid for such struggles in the very near future. What do you think are the parameters of these struggles that are currently being laid by this crisis?

JW: I agree with your assessment that this precise moment is a weak one for popular movements, who are unable to engage in their usual above-ground assembly and repertoires of contention. We can’t know what’s coming next, but we can speculate in a reasoned and relatively informed way, basing our analysis on the observable if contradictory tensions in the region’s politics that are becoming visible.

In one direction, there is the potentially negative consequence of normalizing a certain subservience to state authority in the wake of necessary cooperation around public health measures. The gravest dangers here are associated with the extension and normalization of military and police power into everyday governance of public life in parts of the region, and the danger this poses to the revival of popular protest once the lockdown phase of the pandemic draws to a close. Likewise, in Latin America and the Caribbean, as elsewhere, there has been an extension of corporate surveillance facilitated by state measures responding to COVID-19. Capitalist states, while engaging temporarily in public health measures, are ultimately orientated toward restoring conditions for profitability, and insofar as an extension and consolidation of the role of the coercive apparatus of capitalist states is necessary for establishing post-pandemic conditions favourable to capital, states are likely to pursue this kind of normalization if it is not resisted.

Another issue is the basic one that, for the moment, because social movements are demobilized and are capable only of virtual coordination through social media and the like, political momentum and initiative is very much in the hands of state managers and capitalist interests. This advantage in the immediate field of contention could position them well in determining the subsequent terrain to follow.

Critically, capitalist states are accruing significant debts, and the ensuing economic depression will demand sharper decisions from state managers as to who pays for the accumulated debts, and who is to benefit from the conditions of the new post-pandemic normal. The battle to come in Latin America and the Caribbean in the immediate above-ground, post-pandemic period will likely be structured in the first instance by capital-led austerity drives.

At the same time, working in the other direction is the ideological factor of this multidimensional crisis, making more visible than normal all of the interlaced threads of contradiction, from ecology to social reproduction, as well as their connections to capitalism as a system. Critiques of the system of capitalism are likely to meet with a wider audience in the midst of this crisis. More visible to many is the basic irrationality of the pursuit of profit over life, the basic irrationality of ecological degradation attached to the system, the basic irrationality of attaching no value to socially reproductive work in normal times in terms of wages and conditions, and then celebrating it as “essential” in times of emergency; cheering healthcare workers on, calling them heroes, but not actually paying them decently, or providing them with effective equipment. There is no automatic process of politicization attached to this, but in times of immense crisis people are more open to universal change of worldview than at other times.

So what is being valorized at this moment in popular consciousness in many Latin American and Caribbean countries in crisis is the notion of public health as a priority over profits, essential workers as necessarily having value attached to them, public services as a necessity, free access to the means of life, and so on. When the theatre of politics shifts from the present subterranean underworld of living rooms to above-ground workplaces, streets and communities, so will surface the tendencies and counter-tendencies I’ve cursorily noted above. The balance of forces aligned behind each side, drawing on reservoirs of strength extant in the pre-pandemic period but necessarily altered by the social, economic, and ideological conditions of the pandemic itself, will help to determine the content and form of the new normal.

That contestation, in the midst of an unprecedented global depression, will define the parameters of class struggle in the immediate future in the region. The outcome is not preordained, as it never is, but especially because crises are unusually contingent periods, in which various competing exit routes are opening and closing over the course of each battle.

This crisis shares some features with global crises of the past, even as it has other, unprecedented characteristics specific only to this moment. Insofar as we can learn from past crises, it is certainly the case that they don’t automatically produce gains for the left. Such success will be contingent on strategies of intervention that mobilize and amplify the infrastructures of rebellion that exist where they do exist, flexibly respond to the genuinely novel reconfigurations of politics, economics and society coming out of the pandemic, and audaciously refuse to shrink for the scale of the change that is necessary simply to pull the emergency break and avoid disaster – after which and out of which a new world organized around our terms of life might be possible.

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